Como um dos últimos posts do ano, nada mais apropriado que refletir sobre as três esferas políticas, que estão encerrando um ciclo e começando outro, sem muita novidade.
Chegamos ao fim do mandato de oito anos, do presidente mais popular, de maior índice de aprovação, que veio da esquerda, que não tinha estudo, que tantou, tentou, e chegou lá, fazendo um governo um tanto irreverente, que muito seguiu a política econômica dos anos FHC, porém, ao invés de privatizações, produziu um crescimento nunca visto. Se o Fome Zero que era o programa carro-chefe do primeiro mandato não vingou, o Minha Casa Minha Vida, do ano passado pra cá, surtiu mais efeito. Já o PAC ficou devendo.
Um dos trunfos do governo que se encerra é a política internacional, que colocou o Brasil em patamares "nunca antes na história desse país" alcançados. Um diálogo aberto com países de A a Z, desde os EUA até os controversos Irã e Coréia do Norte. A crise econômica que tomou a maioria das nações não chegou com força em solo brasileiro.
O fato é que Lula fez um governo diferenciado, mesmo com a crise do mensalão, que derrubou tanta gente do alto clero governamental, o presidente conseguiu com sua habilidade política e populista escapar da participação. O Congresso Nacional fez as piores lambanças de todos os tempos, até o apagar das luzes, mas o presidente, com sua marca fortalecida, ficou inabalável, e com o nome marcado no hall dos mais importantes homens do Brasil. É incontestável a força popular de Lula.
O que esperar do governo Dilma? Os potenciais sucessores saíram manchados pós mensalão, restou acreditar na mulher que esteva ao lado do presidente em todo o governo, mesmo sem a devida experiência em cargos eletivos, pode fazer um continuísmo interessante do atual governo, isso se percebe fácil pela montagem de seu ministério, com o devido dedo de Lula. Se conseguirá a habilidade do chefe para tratar com nobres e plebe, eis a questão.
GOIÁS:
O governador Alcides, longe da popularidade de Lula, deixa o cargo sem apego popular, mas com as contas do estado em melhor posição do que anos atrás. Com a impossibilidade da reeleição, foi um oxigênio para se trabalhar pela re-organização do estado.
Vale destacar o bom trato com a imprensa, a boa articulação com o governo federal. De ruim fica a participação do secretariado, ausência de reuniões e funcionalismo sofrendo com os cortes. Publicidade foi fraca, o que pode não ser ruim, muitas obras paradas, e a explicação era uma só: pagar as contas herdadas.
A fraqueza do governo era sentida especialmente na Assembléia legislativa, mesmo com poucos opositores de destaque, era difícil o bom diálogo entra a casa e o Palácio. No final o golpe duro do empréstimo da CELG barrado em votação enfraqueceu mais o governo, que não estava ao lado das duas maiores forças do estado, e conseqüentemente não conseguiu usar a influência para continuarem com seu grupo político, em maioria rachado.
O que esperar do próximo governador? Ele já é muito conhecido, impõe modernidade, mesmo depois de 12 anos em cargos majoritários. Tinha mais 4 anos no senado, a vice-presidência da casa, mas as portas estavam abertas pra voltar ao governo, o que astutamente fez.
A formação do secretariado foi um tanto esperada, muitos nomes que o acompanharam firmemente nos últimos anos. A surpresa maior ficou por conta do deputado federal eleito pelo PMDB, Thiago Peixoto ter sido convidado, e aceitado o cargo de secretário da Educação. Era a bandeira que o deputado mais atuava, porém, vindo do maior inimigo político, o convite surpreende, e abre margem para se perceber a boa jogada de Marconi ao trazer para o seu lado o talvez maior potencial adversário político em um futuro próximo.
GOIÂNIA:
Na prefeitura, mesmo sem sucessão eleitoral, também muitas mudanças. Desde abril o vice petista Paulo Garcia já assumia o cargo para suprir Iris que teimou em disputar o governo, o partido saiu fortalecido, e o prefeito foi impondo sua gestão para tocar obras como o antecessor, e abrir diálogo com a população. Destaque para o uso do twitter, onde em várias noites o prefeito respondia e dava satisfação aos internautas sobre as questões do município.
Em uma discreta mudança no secretariado, Paulo conseguiu reunir adversários visando 2012. Várias articulações, tanto no âmbito municipal como no estadual, já preparam o caminho para as próximas eleições. Política é isso. Cabe à população participar cobrando, para que não tenhamos tantos desgostos como nos últimos anos.
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