Nessa quarta-feira o Supremo Tribunal Federal irá julgar uma causa que decidirá o futuro da profissão de jornalista, inclusive se ela continuará sendo uma profissão, porque chegamos ao cúmulo de ter que ir à última instância do Poder Judiciário para definir se os quatro anos que passamos em uma academia vale o mesmo que cair de pára-quedas e se tornar um jornalista por acaso ou não.
Me lembro sempre o clássico exemplo dos dentistas práticos que tinham antigamente, e vez ou outra ainda se descobrem uns consultórios na clandestinidade, com elementos que não tiveram a qualificação necessária, de anos de árdua dedicação acadêmica, e vão mexer na nossa boca para fazer Deus sabe o quê. Se saúde é um bem vital, que não se compara a outra prestação de serviço na comunidade, como podemos achar que a informação, que é um instrumento imprecindível para a formação de opinião do indivíduo, seja tratada diferentemente?
Não suporto falar na idéia de reserva de mercado. Isso é ridículo, como se pode reservar meramente uma área de trabalho, se não definir como os profissionais estarão habilitados para exercê-la? Dentro do jornalismo, temos um leque de opções para outros profissionais atuarem. Os gêneros jornalísticos, que são divisões como o colunismo, em que o profissional pode expressar sua opinião dentro da sua área de atuação, o que, ao saber se comunicar, irá fazer melhor que um jornalista, que terá pouquíssimo tempo de pesquisa para se expressar sobre algo que não teve vivência. Isso fora os inúmeros profissionais distintos que fazem um meio de comunicação veicular o seu produto, sempre um constante trabalho em equipe. Se essa equipe, em maioria técnicos, precisam de um curso técnico para desempenhar suas funções, como um jornalista não precisaria?
Depois da categoria conviver com ditadura militar, a censura que calava e impedia o trabalho como deveria ser realizado, de estarmos em uma era capitalista que faz o jornalismo virar um produto de alto teor comercial, sempre vinculado ao poderio econômico, agora temos a rasteira de ter a banalização de uma profissão digna, assim como todas realizadas com ética e seriedade.
Espero que o alto escalão de nossa justiça sejam conscientes ao dever de preservar um trabalho de tamanha importância para nossa sociedade. Sem querer ser muito dramático, e já sendo, nessa quarta-feira a carreira de muita gente está em jogo. E a da sociedade brasileira também.
Olá paullo!Acessei seu blog através da comunidade Gosto de ler e achei ele muito interessante. Gostaria de dizer a respeito de sua matéia que considero tudo isso absurdo. O jornalista é muito importante hoje e precisa se qualificar, ter um diploma, pois ele deve saber bem trabalhar com as letras,com alinguagem. Por trás disso deve haver alguma outra intenção.
ResponderExcluirAbraçosss
Andréa Costa
Obrigado pelo comentário, Andréa!
ResponderExcluirEssa luta não terá fim, nem os pára-quedistas pousando a torto e a direito no jornalismo, infelizmente.
Abraço