Era o ano de 1994, estava eu em plena empolgação de Copa do Mundo, nos altos dos meus 10 anos (só pensava em futebol), meu Goiás fazendo uma campanha sublime no Goianão e subindo pra série A, comandados pelo artilheiro de Deus Baltazar, o São Paulo era bi-campeão do mundo (na época eu era misto, agora só torço pelo time do meu estado), a Seleção retranqueira do Parreira ganhando a Copa depois de 24 anos, era êxtase total de futebol.
Regatei esse momento nostalgia para lembrar uma vez que orgulhosamente estampei uma foto na revista Placar, conceituadíssima em seus anos com Juca Kfouri no comando. Mandei uma foto brega pra lá, deitado no sofá com camisa, pôster e bandeiras do Goiás. Tava crente que não daria nada, mas veio a surpresa, e junto com uns torcedores gaúchos e paranaenses, lá estava eu dividindo uma página com fotos de Edmundo, Marcelinho Carioca, Túlio Maravilha, dentre outros.
Recordei essa pérola para falar de outra matéria dessa mesma revista, que trazia um especial sobre a descoberta de jogadores por grandes clubes, as famosas "peneiras". A do Vitória da Bahia era uma das mais fortes, percorriam muitos lugares dispostos a achar meninos que brilhavam com a pelota nos pés. Contaram a história de alguns deles, uns que foram forçados pelo pai, que tinham muita esperança pra ter vaga e nada conseguiram, mas tinha um que jogava de volante e se destacou, foi elogiado pelo treinador e chamado para treinar no Vitória.
Os anos passaram, quando vejo chegar um Jair lá da Bahia pra jogar no Atlético-GO, fiquei tentando lembrar de onde conhecia ele, quando me veio a luz: era o garoto da minha Placar!
Fiquei feliz em ver prosperar na carreira um cara que saiu do nada, foi descoberto entre milhares e como poucos, conseguir alçar vôos altos no futebol. Fiquei com vontade de encontrá-lo e levar a revista que guardo até hoje com carinho pra ver a reação dele.
Não tive oportunidade de fazer isso, e, para minha tristeza, pouco tempo atrás vejo ele sendo punido por chegar bêbado, descontrolado na concentração, a comissão técnica e diretoria do Dragão não perdoaram: Era o fim do contrato de Jair.
Dias depois vejo que ele estava no Bragantino, sendo titular e entrando com moral na série B, mas essa semana sou pego com outra péssima notícia dele: fora pego com substância de cocaína quando ainda estava no Atlético.
Fico pensando, mesmo sem ser jogador de ponta, quanta coisa ele jogou fora. As oportunidades cairam do céu, tinha talento pra isso, mas a cabeça não seguia o caminho, e pode jogar fora a grande chance de ter sucesso e estabilidade na vida.
Não faltam exemplos de quem se acaba, ou chega perto disso no futebol. Dinheiro na mão de quem não sabe ter ombridade para administrar isso, não se destina para nada que preste, são muitos que se encantam por uma vida fácil, com o mundo aos seus pés, mas que pode ruir em poucos passos errados que der.
As cifras altas do mundo do esporte, o ambiente hostil e perversivo são uma perigosa combinação para se cair do topo de cara. Quem não sabe dançar conforme a música, e saber a hora certa de parar, não vai muito longe em suas aventuras.
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