Blog do Paullo Di Castro


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Dos filhos de outros solos és mãe gentil...

Mais uma vez, o Brasil entra na história conturbada de um outro país com o atual chefe de Estado, depois de abrigar o ex-presidente do Paraguai, Raul Cubas, em 2004, fugindo de sua nação após acusações de envolvimento na morte de seu então vice, mais uma vez, vemos a cor verde e amarela ser o refúgio de um comandante acuado pela opinião pública. Desta vez, em um território brasileiro, porém de maior fragilidade e localizado dentro desse mesmo país: A embaixada brasileira em Honduras.
As embaixadas são territórios dos países que representam, do portão para dentro, mas precisam se adequar às leis de onde estão. Uma invasão é o caso de um incidente diplomático gravíssimo. Pedir asilo é um processo que deve ser priorizado apenas em caso de perseguição política, isso acontece também com atletas, como os cubanos que aqui permaneceram, abandonando suas delegações nos jogos Pan-Americanos de 2007.
Desde que o presidente hondurenho Manuel Zelaya se abrigou na embaixada brasileira em Honduras, as coisas vão ficando mais tensas. Água e energia foram cortadas por um período na terça-feira, tropas pró-governo interino cercam o local, toque de recolher é estipulado e simpatizantes de Zelaya desobedecem e entram em confronto com a polícia: um cenário que se distancia de uma solução pacífica.
É interessante ver alguns preceitos da diplomacia, especialmente no respeitoso ambiente da América Latina. O Brasil sempre tem uma postura de abertura ao diálogo, e se submete a excentricidades de seus vizinhos de maneira passiva. Com o poderio e tamanho de nosso país bem superior aos vizinhos, é estranho ver a calma em que o governo brasileiro lida com essas questões. A paz deve ser priorizada, mas apoiar tantos líderes perseguidos em seus países, seja pelo motivo que for, pode fazer a batata quente assar na mão do Brasil.
Ser o mediador de negociações de sucesso entre governantes fugitivos e países até aumentam o prestígio do Brasil, porém é um papel delicado, em que as conseqüências são imprevisíveis, depois de ser uma verdadeira mãe para líderes de vários países, resta torcer para que a situação na América Central não se agrave, e o Brasil não leve a pior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário