Quando acho que vejo de tudo, sempre sou surpreendido com uma nova. Sou baterista há muitos anos, porém, nunca toquei profissionalmente. A maior parte do tempo, sempre na igreja, porém já toquei no dito segmento secular também, com banda de amigos, sem nunca ver dinheiro entrando. Em todo esse tempo, visto que nunca toquei visando lucro, muito menos o tive, nunca me preocupei com tirar um registro na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), aqui em Goiás, vi um pouco da precariedade dessa entidade e nada me justificava pagá-los sendo que eu não tinha retorno financeiro como músico.
Me deparei com uma matéria sobre uma nova iniciativa da OMB-SP de se cobrar o registro de músicos que tocam em igrejas, tudo feito de maneira bem política, com participação de pessoas influentes do meio cristão, que com certeza dividirão uma fatia do bolo com a entidade. Descobriram uma mina de ouro, um meio de se arrecadar como nunca conseguiram. Em contrapartida, sua utilidade é parecida com a da UNE, sobrevivem das carteiras, e das carteiradas.
Como músico cristão, tocando na igreja há doze anos, acho de uma arbitrariedade extrema estipular uma obrigatoriedade junto a uma Ordem que nada faz pelo interesse de uma categoria, principalmente requerer isso dentro de um espaço de voluntariado e filantropia. A igreja e o Estado sempre entrarão em conflito quando uma invadir o espaço da outra.
Um projeto de música cristã não pode concorrer aos editais de leis de incentivo à cultura, porque os músicos seriam obrigados a se filiar em uma classe que em nada os auxiliam? Se não se paga ECAD para as músicas tocadas dentro da igreja, porque os músicos precisam ter registro da OMB, se ninguém está pagando pelo trabalho deles?
A estrutura precária de várias igrejas gera disparidade com essa obrigatoriedade. Isso nada mais é que a tentativa de se abrir um precedente para o enriquecimento de pessoas que em nada contribuem para o exercício da profissão de músico, um filão para arrancar de uma classe vasta de músicos um dinheiro que eles não ganham. Essa lei não tem a mínima condição de pegar em São Paulo, muito menos no Brasil. Um simples trabalhador que toca violão e dirige um período de cânticos em sua igreja precisar pagar R$ 100,00 anuais para continuar no seu trabalho feito por amor e disposição, não tem nenhuma coerência.
Como essa Ordem é puramente interesseira, nem em igrejas de grande porte e com músicos remunerados, aos músicos que sobrevivem desse trabalho, é aparentemente justa essa cobrança, seria outra coisa se fossem bem representados. Mas passa longe de nós essa realidade.
A grande maioria dos "levitas" tira do bolso investimento no instrumento, no transporte, chega antes de todos, sai por último, carrega, monta, carrega, desmonta, e vai embora feliz, investindo seu dia e horas de folga, tempo de ensaio, preparo técnico, sem ter ganho nada por isso, aliás, ganha sim, através da fé, recompensa material nenhuma satisfaz como tocar para Deus.
Que essas raposas não queiram vigiar as galinhas, para tirar o que não lhes é de direito. O fortalecimento dos músicos cristãos é tímido, mas já toma suas primeiras iniciativas. Espero que essas interferências ganhe voz pelas igrejas, quem sabe formar uma classe forte, como já existem algumas e possam impedir os aproveitadores de prejudicar um trabalho feito com zelo e de coração.
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