Blog do Paullo Di Castro


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A ditadura da IMAGEM

        
Vivemos tempos em que o trabalho em comunicação tem sido transformado por uma nova abordagem que tem ocupado o espaço do texto tradicional, ou mesmo de grandes reflexões em análises científicas e literárias. Com o advento de mídias móveis, a facilidade do registro de um momento por fotografia e filmagens, seja em baixa ou alta qualidade cresce a olhos vistos, tudo muito acessível a todos. Agora é tempo de imagens serem protagonistas em várias linguagens de comunicação.

As redes sociais com certeza são uma mola propulsora para essa realidade. O Facebook cresceu em especial no Brasil com seu designer clean e que privilegia a postagem de muitas imagens. Depois vieram mídias como o Instragram, que prioriza totalmente o compartilhamento de fotos e micro vídeos. O que temos visto é que vale mais registrar o visual, o conteúdo é o de menos. Até o Twitter que sempre priorizou o texto em 140 caracteres, depois abriu pra exibição de imagem anexa na postagem.

No whatsapp a sensação é passar os vídeos populares ou feitos na hora, tudo bem rápido. Isso substituiu de alguma forma as correntes de e-mail que tanto poluíam nossa caixa de entrada. Agora tudo chega direto no celular em forma de vídeo. Outro ponto forte da rede é a instantaneidade do bate papo com a praticidade que mídia nenhuma tinha conseguido criar.

Profissionais de criação gráfica passaram a trabalhar agregando um pequeno texto a uma imagem, e isso com o apelo visual rende muito mais visualizações que um texto corrido. Isso tem mudado e muito o marketing digital. Jornalistas e articulistas tem perdido espaço em só usar a escrita. Em assessorias de comunicação o que se tem pedido é uma enxurrada de fotos e vídeos, e quando o assunto é muito importante, se pensa no texto de reportagem.

Por mais belas que sejam imagens trabalhadas e, por mais fascinante que seja subir uma foto ou um vídeo na hora do acontecimento, a pobreza de ter apenas um enunciado explicado o momento perde e muito na clareza e riqueza de detalhes que só um texto pode trazer. Substituir o conteúdo discursivo por meras imagens é um caminho preocupante.


Hoje o caráter argumentativo que internautas praticam rendem muito mais meros comentários rasos em redes sociais do que o discurso elaborado, com começo, meio e fim. A formação intelectual do indivíduo empobrece com esse padrão de privilegiar imagem. Fotos e vídeos comunicam diversas coisas, mas até elas dependem de um roteiro que se não for agregado dará margens pra interpretações que poucas vezes vão comunicar todo o valor que pode ser explorado. 

Certas imagens pode até falar mais que palavras, porém em um contexto geral, palavras sempre falarão mais que imagens!

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