Blog do Paullo Di Castro


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Não é o fim!


Foram quase 10 anos atrás, me lembro que estava no 2º ano do Ensino Médio, assistindo a aula normalmente naquela terça, 11 de setembro, e nada me chegou aos ouvidos naquela manhã. Nenhum dos educadores nem alunos do meu colégio aparentemente tiveram acesso ao evento que o mundo mais comentava naquele momento, e que comentaria por muitos e muitos anos. Eram outros tempos, sem a tecnologia móvel tão aguçada como hoje. Só chegando em casa na hora do almoço e ligando casualmente a TV, é qua fui saber sobre o atentado às torres gêmeas, e quem era Osama Bin Laden.

Aquele mítico líder da Al Qaeda, com seu turbante, jaqueta militar, barba grossa, ficando grisalha; aparentava até uma fragilidade, porém totalmente contrária ao poder que exercia no Oriente Médio, e que o Ocidente conheceu naquele dia. George Bush Júnior estava no momento lendo para crianças do primário, bem longe de Nova York, quando recebeu a notícia. Ali começava o que se vendeu como "Guerra ao Terror."

O nacionalismo estado-unidense tinha duas faces: O pesar pelas vítimas do World Trade Center, e por outro lado a sede de soberania que resultou em ocupação no Afeganistão, então morada do saudita Osama, que se extendeu pra ocupação, morte e derrubada de Saddam Hussain no Iraque, tomado por tropas militares que nunca recebiam ordens de regressar, ficando lá para representar o poderio do império outrora abalado.

O que mais acontecia com os EUA, se não colher o que plantou? Visto o histórico de apoio em treinamento e tática militar que haviam proporcionado a Bin Laden anos atrás. Tudo o que aconteceu no pós-Guerra Fria, no ataque ao Kuwait em 91, no cobiçado petróleo que sempre estava nas intenções dos conflitos culminavam na retaliação. Quando a criatura se voltou contra o criador, o estrago foi sem precedentes, e por muitos anos se seguiriam sem um desfecho satisfatório. Não que agora isso tenha ocorrido de fato.

No início da madrugada desse domingo, chega a notícia da morte do homem, que conseguiu driblar toda a inteligência e poderio da nação mais poderosa do mundo, nos últimos 10 anos. Barack Obama anunciou em um discurso de 10 minutos, a uma hora da manhã no Brasil, que Osama estava morto, destacou o incansável trabalho das tropas e inteligência dos EUA (incansável por 10 anos?), disse que o trabalho não havia acabado. E centralizou sua fala em "a justiça foi feita."

Desde 2001, a imigração e política alfandegária tomaram outro padrão nos principais países do mundo. E o mundo islâmico passou a ser mais segregado e associado com o terrorismo. A tal ponto que se vê hoje uma comemoração por vários setores da sociedade, parecendo ser o fim de todos os problemas socio-econômicos, e de relações internacionais de seu país. E as consequências futuras dessa sequência de fatos ficam encobertas pelo momento triunfante da captura (leia-se morte) do homem mais procurado do mundo.


Mais de três mil vidas podem ter sido tiradas pelos atentados promovidos pela Al Kaeda, mas quantas vidas inocentes foram mortas nesses 10 anos de ocupação no Paquistão, Afeganistão, Iraque, Jordânia, etc? A intenção de proteção ao povo estado-unidense não justifica a brutal ação de anos a fio no governo Bush, que não foram tão abrandadas na gestão atual. E por muita coincidência, o anúncio é feito logo um dia depois da reafirmação da candidatura para a reeleição de Obama, em que alfinetou o virtual candidato oposisionista, o milionário Donald Trump. Difícil não ligar os fatos enxergar uma intenção eleitoreira do anúncio.

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