Vivemos dias estarrecedores, em diferentes cidades, estados e países, o que se assemelha aos seus habitantes é uma só sensação: Insegurança. O direito de ir e vir, e de estar em paz em sua residência, trabalho e no seu lazer é substituído pela tensão de se sentir desprotegido, vulnerável e incapaz de ter momentos de absoluta tranquilidade.
A sensação de ser a próxima vítima de um arrastão, assalto, roubo e diversas formas é uma privação angustiante. Não poder contar com a sua polícia pra te proteger, nem pra fazer um boletim de ocorrência porque a mesma está em greve, que não é a primeira do ano, é a pior sensação que um cidadão em seus direitos cíveis pode passar.
Sair de casa sempre é um risco, os mais improváveis incidentes podem acontecer. Mas você sair e temer automaticamente ser violentado por bandidos que estão agindo e não são coibido pelas autoridades competentes deixa de ser um risco e vira uma real possibilidade, da pior maneira possível.
Você pensa em você e em quem você ama, como proteger ao outro sem conseguir proteger você mesmo? Tudo isso porque ninguém, ninguém possui proteção devida. Os milhões gastos em publicidade e grandes obras (muitas vezes não concluídas) do governo passam longe de virarem investimento em aparelhamento e valorização dos profissionais da segurança pública.
O que fazer? Esquecer o que a Constituição Brasileira garante e se trancafiar em casa, sair com nenhuma moeda no bolso, nenhuma roupa de marca, e de preferência sem o celular? Gastar o que não se tem pra deixar a residência uma fortaleza, a empresa um quartel e renegar toda saída de lazer em vias públicas? É muito difícil viver assim! Prisioneiros de nós mesmos.
Enquanto a Polícia não ajuda, o governo cruza os braços, as manchetes de violência não param, podem ser as únicas opções. Teremos que ter toque de recolher? Os estabelecimentos de diversão noturna terão hora pra fechar, prejuízos incalculáveis? E quando a coisa é feira à luz do dia? Quem marca hora pra violência nos encontrar? São muitas perguntas, e as respostas um mistério.
Paullo, como bom jornalista que é, sei que escreve para provocar ou integrar o debate e não por pura indignação ou denuncismo, por isso venho refletir a partir de uma citação dita pela professora da UnB, Paola Novaes Ramos, num Seminário de Juventudes nesta semana: "O outro sou eu em outra circunstância".
ResponderExcluirSem querer ser alheio aos fatos, acho mais sincero pensar que o violento, seja como cada 'criminoso' ou como sua representação na sociedade enquanto grupo marginal, é ser humano - como eu, meu irmão, meus pais e meus amigos - e a violência não deve ter sido sua primeira opção. Se foi, é porque foi a única ou, pelo menos, a mais vantajosa. Receberam violência antes de assim estarem.
Mesmo quando penso na segurança pública para que possamos sair felizes aos nossos empregos e passeios deixando-os à margem, não vejo como todos poderíamos ser tão vigiados e cuidados. As campanhas eleitorais não promovem mais que a imagem mais confortante e simplista possível.
Precisamos buscar, juntos, entender o que essa violência quer dizer para além de "o mundo está uma merda"; e aprender as formas de dialogar com ela. Oprimi-los (prender, matar, impedir) porque nos oprimem em nossos direitos constitucionais também é violência e não está em sujeitos específicos mas em cada cidadão mesmo em diferentes momentos e circunstâncias.
Boa reflexão. O debate é extenso e complexo. O que faltou pra quem recebeu violência antes de praticar? Muitas coisas com certeza, e algumas bases fundamentais para a construção de um cidadão, que recebe e pode contribuir para a sociedade, em vez de ser vítima (mesmo que por opções de companhias maléficas), e depois fazer vítimas.
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