Depois de um longo hiato de um mês (intervalo inédito desde a estréia do blog, em 1º de janeiro de 2009), volto a esse espaço desejoso de não ter outro mês como junho, em que tanto o tempo, como as idéias e o pique de postar aqui foram escassos. Mas vamos ao que interessa, dessa vez para refletir sobre um fenômeno interessante que por vezes passa despercebido para muitos.
Um comportamento está virando rotina em garotas que precocemente curtiram a fama, sempre foram as “bonequinhas” da TV, eram mascotes de programas diversos: desde novelas até humorísticos e forçados programas infantis, e, anos depois, estampam sites e revistas de entretenimento com fotos sensuais e discurso pronto: “Eu cresci!”.
Diversos astros mirins sofreram sequelas emocionais profundas ao envelhecerem. São muitas as malevolências de uma fama precoce, e a fixação de uma imagem de criança, com sua pureza peculiar, não agrada principalmente aos recém-chegados à juventude adulta. Na necessidade de recolocação na mídia, para fugir de um estereótipo e atender aos anseios da nova fase da vida, diversos apelam para um “choque” que seja a antítese daquilo que foi construído no passado.
Sim, o caminho de mudança é irreversível, assim como foi mudada a idade, muda-se o foco profissional. Porém, a abordagem voltar-se para explicitar a evolução corpórea, e impressionar o mesmo público que tinha outra lembrança completamente diferente da personalidade em questão. E uma recolocação no mercado, se tratando de Brasil, nada como exibir os dotes físicos.
Alguns podem alegar ser uma decisão de ter atitude, um grito de independência propício para essa fase da vida, mas em contraponto a isso, penso que isso vira uma escapatória ou um atalho para o difícil regresso aos holofotes. Paga-se um preço em optar por um novo discurso, que acaba virando senso comum entre uma geração que busca um elo perdido entre os dias longínquos e a prosperidade para o futuro.
Não é uma questão pontual de vulgarização, de “baixar o nível”, mas uma cultura apodrecida que clama por radicalismos para se reciclar a exposição. Falo de perca de essência, de linearidade. A regra geral de impressionar custe o que custar provoca essa debandada que pode ferir princípios e valores em busca de se voltar ao topo, uma luta pela sobrevivência a partir daí, pode levar a destinos sombrios e tortuosos.
A erotização infantil é um dos males desta Era que idolatra a juventude e a beleza. Quanto mais precoce, melhor para lucrar durante mais tempo e melhor à sociedade tendenciosa à pedofilia.
ResponderExcluirVejo como existe necessidades (no caso do "crescimento" e em muitos outros) de autoafirmação perante o meio social, adequando a simbolismos projetados sobre rótulos como idade, gênero, origem, religião... Por isso, busco não culpar os que, quase sempre inconscientes, agem sob esses preceitos.
ResponderExcluirConcordo com suas colocações, Paullo. E, a propósito, tudo bem se tiver intervalos de um mês para escrever. Quando escreve, nós, leitores, temos a certeza de ler algo útil ou edificante na tela.