Acontece desde a quarta-feira a quinta edição de um evento único, de idéia revolucionária, e prestígio merecido à boa música instrumental. O palco, depois de muitos contratempos, foi o Palácio da Música, do Centro Cultural Oscar Niemeyer, apesar de estar disponível parcialmente, já foi uma vitória do segmento cultural contar novamente com esse importante local, independente das trapalhadas e disputas políticas.
Antes feito no Teatro Goiânia, e no período de carnaval, o recuo para o mês de janeiro, e a mudança para o CCON estão sendo bem recebidas pelo público. Na primeira noite, pude acompanhar pela rádio Executiva FM o show do grande trombonista Bocato e banda, Bem animado por voltar aos palcos depois de um período de molho cuidando da saúde, o veterano desfilou um repertório eclético, empolgante, e de alto nível.
Depois dele, veio o percussionista e DJ goiano Múcio Guimarães, acompanhado do grande conterrâneo Fred Valle na bateria, fizeram um emaranhado rítmico inovador, usando várias programações, samplers de músicas de sucesso, e a pegada orgânica das batidas, interessantíssimo de se ouvir, com certeza mais ainda de se ver.
A quinta-feira reservava mais dois espetáculos de grandeza: primeiro subiu ao palco o percussionista baiano Marco Lobo. Com grande trajetória no Brasil e exterior, e acompanhado de uma competente banda, e sendo um show à parte, exalando ritmos pelos mais diversos instrumentos, e passeando por várias vertentes musicais: world music com cara de Brasil.
Depois, um momento histórico sem dúvidas, entrou no palco César Camargo Mariano, um dos pianistas mais conceituados do mundo. Não por ter sido o maior suporte do brilhantismo de Elis Regina, nem por ser progenitor de Maria Rita, Pedro Mariano, dentre outros, mas pela grande contribuição em dar a cara da bossa nova e da música instrumental no Brasil, seja como arranjador, produtor ou instrumentista.
Além de tocar e encantar a todos, contou várias histórias, um pouco de sua trajetória, comentando o formato de piano, baixo e bateria que foi a base do jazz americano, e da nossa bossa nova, além de ser como ele começou, e três anos atrás, decidiu voltar ao formato. Estava acompanhado de seu experiente filho Marcelo Mariano no baixo (que DNA dessa família!), e do jovem Thiago Rabello na bateria (César disse que não houve ensaio com ele antes dessa apresentação, o que não impediu o brilhantismo da performance de Thiago).
O velho Mariano deixou três grandes lições:
1 - A importância de um evento como esse, feitos em moldes populares, acessíveis a todos e importantíssimo para a divulgação da música instrumental, tão abafada pelos grandes veículos;
2 – A humildade em destacar o papel dos vários profissionais que fazem um evento como esse acontecer, desde o faxineiro, o porteiro, o iluminador, quem cuida dos bastidores, da produção. Ressaltando isso, se colocou como mais uma peça que monta um espetáculo como esse;
3 – A música! É claro. Em seu toque ao piano, dando espaço para seus companheiros, e propagando o jazz e a música brasileira com a maestria que mais de 50 anos de carreira podem oferecer a um público privilegiado.
Isso foi só a metade do festival, ainda restam dois dias, muita música boa para o deleite de quem tem a esperteza de aproveitar um momento único como esse. O único ponto negativo vai para alguns inconvenientes expectadores, que ficam de conversa durante as apresentações, em total desrespeito ao artista, e a todo o público. Mas no restante, nada a desejar: organização eficiente, consumação moderada, porém suficiente, som e luz impecáveis, e a música, a melhor possível!
Programação:
Sexta-feira 21 de Janeiro de 2011
Sexta-feira 21 de Janeiro de 2011
Tanghetto
Paraphernalia
Paraphernalia
Sábado 22 de Janeiro de 2011
Jaques Morelembaum
Yamandu Costa
Todos os dias a partir das 21 horas no Centro Cultural Oscar Niemeyer (G0-020, Km 0)
Entrada franca
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