Blog do Paullo Di Castro


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pacaembuzaço



O futebol ainda vale a pena porque proporciona emoção que nenhum outro esporte ou ocupação social promove. E isso acontece principalmente quando a famosa "zebra" quebra a expectativa de um resultado provável. E foi o que presenciamos na noite do dia 24 de novembro de 2010, mais precisamente no tradicional estádio paulista do Pacaembu.
O Goiás vinha encerrando uma temporada que todos os que se envolvem emocionalmente e profissionalmente com o clube queriam esquecer, depois de ficar fora da final do campeonato estadual, não passar da segunda fase da Copa do Brasil, e o pior: o rebaixamento para a série B do Campeonato Brasileiro, sem dúvida o maior castigo para o que foi por tantos anos o único representante de Goiás na elite do futebol brasileiro. Mas o ano ainda não havia acabado.
A Copa Sul-Americana sempre foi a competição patinho-feio dos torneios internacionais. Ganhou mais expressão quando passou a valer uma vaga na Libertadores da América, e também um caminho viável pra quem disputa um Brasileirão com segurança, mesmo sem figurar entre os primeiros, classifica-se e tem a chance de disputar com grandes times da América Latina a taça e de quebra uma boa premiação.
Mas voltando ao que aconteceu na data citada acima, o maior adversário que o Goiás enfrentou não foi o Palmeiras, mas sim a impresa paulista e carioca, que elevavam o verde paulista como o legítimo representante brasileiro no confronto, promovendo chamadas direcionada apenas à eles, esquecendo que o Brasil é muito maior que essa própria arrogância deles. Existe futebol além do eixo Rio-São Paulo, e a lição ficou bem clara no duelo alvi-verde.
O time do Goiás é limitadíssimo, mas lá tinham jogadores que queriam dar o sangue para fechar o ano com um alento a tudo o que passaram. Destaque para Rafael Moura (He-Man), Rafael Tolói, Marcelo Costa e Carlos Alberto e do técnico coopeiro Arthur Neto. Em 2010 mudou-se a direção (a virtual), técnico de nome que afundou o time, além de pegar uma bolada na justiça, técnico sem nome que afundou mais ainda, e novato cheio de vontade que não fez o suficiente. Um elenco desmotivado, com jogadores que perderam chances de grandes negociações, e fizeram corpo mole na maior parte da temporada. Mas ainda tinham guerreiros capaz de lutar contra tudo isso, e dar esperança a uma torcida que tanto sofreu esse ano.
Tudo tem que ser mais difícil se tratando de Goiás, assim foi cada etapa, empatando com o Grêmio aqui e vencendo lá no Olímpico, ganhando do tradicional Penharol aqui por 1x0 e perdendo lá no Uruguai por 3x2, e empatando com o Avaí em casa por 2x2 e ganhando em Floripa por 1x0. Tudo mais difícil, tudo mais saboroso. Com o Palmeiras não foi diferente, após a derrota no Serra por 1x0, a maioria esmagadora da imprensa apontava o Palmeiras como já classificado. Esqueceram que estavam falando de futebol, o esporte mais imprevisível que existe, onde "oba-oba" e "já ganhou" muitas vezes acabam em tragédia.
Ver aquele estádio lotado, e com incômodo silêncio, comentaristas procurando irregularidades onde não existiu, tudo isso faz uma vitória ser mais saborosa. Ainda não foi o último passo, tem a final pela frente contra um poderoso adversário argentino ou equatoriano. Mas com certeza, só essa noite já lavou a alma de todos os esmeraldinos ao redor do mundo.
Vila e Atlético lutam para não cair pra série C e B respectivamente, e salvar um pouco o ano do futebol goiano, que tanto precisa de reformulação na mentalidade de seus dirigentes, do apoio do torcedor, da seriedade da imprensa e de mostrar pra todo o Brasil, como o Goiás fez no Pacaembu, que aqui existem três forças que precisam ser respeitadas, já nos tiraram a sede da Copa de 2014, não podem tirar também nossa relevância no futebol brasileiro.

Ps: O título do artigo remete à fatídica final de Brasil x Uruguai em 1950, quando o Maracanã se calou diante da vitória da celeste. Episódio que ficou conhecido como Maracanazo. Na nova versão, o Goiás calou novamente torcida e imprensa, e mostrou que o futebol é "uma caixinha de surpresas", e o jogo "só acaba quando termina."

2 comentários:

  1. Muito bom texto, caro Paullo!! Essa reflexão sobre a imprensa eixista merece uma suíte, viu... Precisamos de evidenciar mais ainda o nosso bairrismo! Abraço verde!

    ResponderExcluir
  2. Vamos usar as armas que temos pra combater essa prática que se arrasta por tantos anos e corrompe o nosso futebol.
    Abraço!

    ResponderExcluir