Blog do Paullo Di Castro


sexta-feira, 4 de maio de 2012

#FORAMARCONI

Em 1984 tinha apenas um ano de idade, só anos depois vendo imagens na televisão que me lembro de assistir as passeatas pelas Diretas em várias partes do Brasil, eram anos em que a falida Ditadura Militar dava seus últimos suspiros e o país caminhava para profundas transformações sociais. Mais tarde, em 1992, vi a população brasileira pintar a cara e exigir a saída do primeiro presidente eleito democraticamente. Não vi mais minha geração tomar atitudes parecidas, nem em nível nacional, muito menos regionalmente. 




De lá pra cá, poucas foram as manifestações populares significativas que mostraram a insatisfação do povo com o seu governante. Em Goiás, a coisa andava mais devagar ainda, o histórico de coronelismo, familiocracia e os modos arcaicos de governar não tinham ainda provocado alguma mobilização que chamasse a atenção, isso durou até o quarto mês do segundo ano do terceiro mandato do governador Marconi Perillo. 


No dia 14 de abril, pela primeira vez diversos grupos se organizaram via Facebook em especial, com muitos comentários também no Twitter, vídeos no Youtube, com fins de irem às ruas em protesto contra os últimos acontecimentos envolvendo políticos goianos, em especial Marconi, muito citado em várias gravações, além do já "morto politicamente" e "ex-paladino da moralidade" Demóstenes Torres, flagrado em diversas escutas telefônicas reveladas na Operação Monte Carlo que investiga as relações ilícitas do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos de diversos partidos.




Na segunda semana, dia 21, aliado ao movimento nacional contra a corrupção, o Fora Marconi ganhou mais peso, saiu da Assembléia Legislativa, foi até a Praça Tamandaré, e voltou pra Praça Cívica, terminando em frente ao prédio do TRE, local em que dois incidentes aconteceram, mas que foram atos isolados de pessoas que não entenderam (ou fingiram que não), o propósito da organização. Aglomerados urbanos, de tantas pessoas diferentes infelizmente estão sujeitos a isso, mas o foco do protesto foi mantido.


A presença foi significativa, principalmente pelo fato inédito que representava. A cobertura da imprensa deu um bom espaço, tirando um ou outro veículo que não disfarçam as relações com o governo, os quais tentaram diminuir como puderam os efeitos do que o povo queria. A assessoria do governador insistiu em argumentar que era a favor da expressão livre e democrática, porém não achava que a manifestação expressava a opinião dos goianos, além de atacar veículos de comunicação que mostram podres da administração pública. Sim, o governo foi eleito no voto democrático, mas atitudes assim em uma época de mídias instantâneas e informação acessível, é um tiro no pé.




O que está acontecendo não é uma tentativa de terceiro turno, mas sim pessoas levantando da frente do computador e agindo como podem, mesmo com a maioria elegendo, ninguém é obrigado a esperar 4 anos para se indignar e mostrar isso de forma ordeira e expressiva. Termos uma queda do governador é a coisa mais difícil de acontecer, mas quem disse que as Diretas, o Fora Collor foram fáceis? Se esse não for o caminho, mas sim uma varredura na equipe do governo, como aos poucos está acontecendo, e parlamentares de calças curtas explicando o inexplicável, já é um ganho considerável.


Recentes notícias como a conturbada venda da casa de Marconi que virou de Cachoeira, em um condomínio de luxo de Goiânia, que o Estadão trouxe detalhes, dão mais ingredientes para o III Fora Marconi, que foi marcado para esse sábado, dia 05 de maio, 10h com saída no Lago das Rosas, do Setor Oeste. É prudente ao governo mudar a postura e não desqualificar um movimento que ganha proporções maiores, assim como as denúncias e provas que vem surgindo. Muitas mudanças vem acontecendo, e que os trabalhos de CPIs e do Poder Judiciário não ignorem a voz das ruas em suas investigações e julgamentos. 


Fotos de Victor Mileo.

Um comentário:

  1. Importa o processo como isso se dá. Indica certa maturidade querendo se desenvolver nos goianos. Boa análise!

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