Blog do Paullo Di Castro


sexta-feira, 23 de março de 2012

Até tu, Demóstenes?




Essa é a pergunta que o Brasil mais tem feito nas últimas horas. O senador que por anos construíu uma  imagem de caráter ilibado, luta pela ética e honra, formação juridica brilhante, que despontou em Goiás como um grande secretário de Segurança Pública e Justiça, que o levou ao Congresso para se tornar referência na área. Agora tudo entra em xeque, ao cair uma bomba sobre as fortes ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.


De algumas semanas pra cá, o envolvimento já era desenhado, porém, sem nada que atingisse em cheio o senador, até a revista Carta Capital soltar a matéria: "Os 30% de Demóstenes". A participação do parlamentar seria bem maior que a imaginada pela maioria. Escutas da Polícia Federal dariam conta que o montante de R$ 170,00 seria repassados em 1/3 para Demóstenes, que por indicações controlaria a legalidade das máquinas caça-níqueis em Goiás.


Em seu twitter, Demóstenes se defendeu com o juridiquês cabível, negando veementemente qualquer veracidade dessas informações. Sim, ele tem todo o direito a defesa, o que todo jurista nos faz questão de lembrar. As influências que o senador tem no Poder Judiciário, são percebidas no fato que que a  Procuradoria Geral da República teria recebido as denúncias da Polícia Federal em 2009, e não teria levado o caso adiante, como levantou o jornalista Josias de Souza em seu blog.


As denúncias não estão aliviando o lado partidário, visto que são citados também os deputados Rubens Otoni (PT), Carlos Alberto Leréia (PSDB), Sandes Júnior (PP) e Jovair Arantes (PTB), e até o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), esse porém de forma mais superficial, apenas com o negócio de uma casa em um condomínio de luxo, que pertencia a Marconi e foi vendida para Cachoeira, segundo esse um "presente" para seu filho que estava casando.


Com tamanho trânsito que o senador tem nesses meios, e sua formação, fica mais difícil acreditar em sua na inocência. Seu partido, o Democratas, já está em enorme descrédito desde a queda de José Roberto Arruda no DF, e a debandanda de vários filiados para o ressurreto PSD. No mesmo dia em que o deputado Ronaldo Caiado, tal como Demóstenes respeitado pela sua seriedade, alegou também no twitter não assinar a CPI que investigaria Cachoeira, a bomba explode pro lado de Demóstenes. Coincidência?


Não votei em Demóstenes em sua última disputa eleitoral, o motivo foi um fato isolado, do mesmo ter sido contrário à obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Fora críticas pontuais, nunca duvidei do homem Demóstenes Torres. Agora resta acompanhar o prosseguimento do caso, e ver se essa reserva moral cairá por terra, e decepcionará mais ainda os brasileiros com a descreditada classe política.


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