Blog do Paullo Di Castro


sábado, 10 de setembro de 2011

Brasil do 7, do 11, do 21, de todos setembros


Parece que sempre temos pautas inevitáveis em certos períodos do ano, seja por fenômenos da natureza, por datas de acontecimentos marcantes, por feriados ou ocasiões meramente comemorativas que são o filão para o comércio vender uma imagem em cima de um sentimento específico. Tudo como uma grande roda-viva que se diferencia pelas peculiaridades que um dia após o outro pode trazer.

Não quero falar de 11 de setembro, chega! Cansei, passou, lições foram aprendidas, egos foram feridos e vidas sacrificadas. Também prefiro não citar enchentes no sul, tantas cidades alagadas, casas com tudo dentro perdido, famílias se amontoando em ginásios. A necessidade de mobilização, solidariedade, chega tímida, não mais que as providências das autoridades. Igualmente não falarei sobre seca, meio ambiente castigado, os problemas respiratórios, dificuldades com a escassez do elemento água, a chuva que um dia finalmente virá.

Falar de Brasília? Pior ainda! Lembrar que o projetista daquela perfeição arquitetônica com mais de um centenário de vida concluiu que deveria ter feito um camburão em vez de um avião no traçado, para assim abrigar a espécie de representantes do povo naquele lugar, que usam como pinico um vaso de flores. Precisa falar mais sobre peculato, propina, uso inadequado do dinheiro público? A informação já chegou! A mudança, não.

E o futebol? Não era nossa menina dos olhos, uma seleção imbatível, com craques disputados nas mais altas cifras dos mercados da bola? Onde está a soberania? Ficou em algum gramado europeu, na crava da chuteira de jogadores que sequer pisam no Brasil. Foi usada como concreto para reformar algum estádio para a Copa de 2014? Onde está a transparência, as prestações de contas das licitações ? E as contas do presidente vitalício da CBF, quem tem cacife para derrubá-lo?

Olha que ficamos só nos nossos problemas, e se formos servir de colo para o Egito e a Líbia? Que palavra de esperança temos pra eles, vindos de um país emergente em pós regime ditatorial que custa tanto a aprender andar nos passos democracia? Viramos um modelo de como não fazer? Ou recomendamos que entrem no falido método socialista do vizinho Hugo Chavez e da ilha de Fidel?

No meio disso tempos que dar espaço para diversidade sexual, para a religiosidade partidária, para direito disso, daquilo, do segmento x, da representatividade y. Onde estão nossas prioridades? Morrendo nas filas de pacientes vítimas da negligência do atendimento de saúde público? Ou esquecidas e sem o aparato para se receber educação digna?
É fato que datas como a Independência do Brasil, tenha o valor titular que tiver, ou o atentado às torres gêmeas de Nova York, mexem com o brio de todos. Paramos para pensar na vulnerabilidade do ser humano, e a dificuldade de se impor diante dos desafios inesperados, ou aqueles ao qual nunca estamos prontos. Como brasileiro, resta não virar as costas para as duras realidades que nos rodeiam, e deixar de ser apenas indignado, perplexo para ser agente de mudanças sociais profundas, sempre mais fáceis no discurso que na ação.

Um comentário:

  1. Como disse hoje meu amigo Vinícius Kran (http://viniciuskran.com.br/): "Na minha opinião, temos que fazer mais e opinar menos. Pelo menos na minha opinião" kk.
    Good...

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