Blog do Paullo Di Castro


domingo, 10 de outubro de 2010

SWU 1º dia


Difícil descrever o primeiro dia de um festival pioneiro na essência, mas com velhas e calejadas atitudes que não condiziam com a proposta social do evento. Os prós e os contras se cruzam nas mais diversas vertentes do SWU, fazendo que não só a consciência, mas também as mazelas sociais presentes a todo o momento.
Partimos em três carros no início da madrugada, poucas paradas. Já foi um choque na chegada, 11 da manhã quando passamos pra deixar uma amiga que ficaria para o Fórum de debates sociais (ô vontade de estar lá). O congestionamento já dava uma mostra do que seria o caos que nos aguardava a noite, mas ainda foi pior que todos esperavam, nem as entradas separadas para os veículos resolveram, fazendo que o estacionamento ficasse totalmente impraticável.
Chegamos quase 17 horas, após ver rapidamente alguns dos diversos pontos da enorme fazenda, descemos pra áreas do palco a tempo de ver um pouco do show da representante goiana do evento, Black Drawing Chalks. Os caras levantaram a galera com o rock dançante, venderam o peixe da terrinha, com destaque para a faixa no bumbo do Douglas: Guanabara II. Pensa em um bairro bem representado!
Logo depois entrou o Macaco Bong, no mesmo pique levantaram poeira com o som instrumetal vigoroso e puxaram a sardinha pro Mato Grosso. As duas bandas com certeza caíram no gosto da galera, e se consolidam de vez no cenário nacional, independente de grandes mídias e gravadoras.
Infelizmente, por problemas de logística da alimentação, perdi o show do Infectlos Groove, me disseram que foi muito bom. A fila pra pegar fichas atrasou em mais de uma hora, e depois pra pegar a comida não foi diferente, péssima organização, pouquíssima antenão bastassem os preços, muitas vezes o dobro do que se acha normalmente.
Depois voltamos a tempo de ver o Mutantes reviver seus sucessos da época dos nossos pais. Ainda acho que podia chamar Sérgio Dias e banda, mas ver ele o Dinho Leme, os únicos originais se divertindo com uma grande banda de apoio já valeu a pena. Solos psicodélicos e nostalgia total foi o que deu pra pegar no final da apresentação dos loucos meio desligados.
Depois os velhos barbudos estavam de volta, mesmo com um som muito falho no PA, os caras destilaram o repertório eclético e fazendo a multidão cantar do início ao fim. Camelo entrou no palco sendo chamado de pedófilo por alguns, em referência ao seu namoro com Malu Magalhães, muitos anos mais nova que ele, (ela também se apresentou, mas no palco da OI, longe do grande público). Amarante estava bem chapado e Barba e Bruno tranquilos como sempre. Foram os velhos Los Hermanos que conhecemos.
Depois uma surpresa pra muitos, e êxtase para outros, The Mars Volta entrou com tudo, fazendo um som brutal, com um entrosamento impecável, todos músicos virtuosos, com o Tom Morello fazendo a guitarra gritar de todas as formas possíveis. O som estava cristalino, e preparava a multidão pro que viria a seguir.
O Rage Against the Machine fez sua estréia na América Latina, sempre com as famosas rodas de hard core, e em um festival dessa proporção, não podia ser diferente: pintou confusão. Logo na primeira música, todos pulando, que ficasse parado apanhava de todos os lados. Rolou uma briga um pouco atrás, e na frente, quando uma imensa roda abriu pra se bater corpos e cabeças, o esmagamento foi geral, quem estava próximo das grades passou muito apuro, não sei as conseqüências mais sérias, mas não ficou pedra sobre pedra. O show foi várias vezes interrompido, caiu a energia, pedindo pra chegarem pra trás. E pro meu azar, perdi o único tênis que levei no empurra-empurra. Fiquei só com esquerdo, e no final tive que caminhar só com uma sacola por alguns quilômetros no cascalho até a estrada, pra ser possível pegar a van e ir embora sem ficar congestionada por várias horas.
A quantidade de lixo era impressionante, a hora que voltei pra procupar o tênis mal dava pra ver o chão, menos mal que a coleta seletiva estava funcionando bem, com um posto de triagem para se encaminhar à reciclagem. Outras iniciativas como a roda gigante movida a pedaladas, vários monumentos com material reaproveitado davam um visual muito legal.
Outro ponto que não dava pra ver como positivo é o alto consumo de drogas, o número de fumantes de todas as idades é assustador, a maconha rolava solta, em vários pontos em frente aos shows. O frio também pegou muitos de surpresa, e não tinhas lugares que o aliviasse. Não era essa a idéia de festival sustentável que muitos poderiam conceber, mas foi só o primeiro dia.

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