É difícil sintetizar em um post o que foi a primeira edição
do Festival Rock no Vale, que aconteceu de 6 a 8 de dezembro no Acampamento
Jovens da Verdade, em Arujá, São Paulo. A minha conexão com esse evento
aconteceu há alguns anos.
Em 2010 fui com uma galera bem gente boa para a primeira
edição do SWU. A temática do festival me chamou a atenção tanto quanto o cast
das bandas. Era um sonho ver Dave Mathews Band, Rage Against the Machine e
inúmeros outros sons que faziam parte da minha vida, mas falar em
sustentabilidade em um mega festival de música era bastante instigante.
Passada as percepções daqueles dias, que você pode ler aqui,
me coloquei a pensar como fazia falta uma proposta desse tipo ser promovido por
cristãos. Para mim parecia um abismo a ser enfrentado a nossa realidade
teológica dividida em suas correntes inconciliáveis e o mercado gospel com seu
desejo de ser um segmento sem leitura abrangente. Mas três anos depois o que
parecia impossível aconteceu: Nós íamos ter enfim um festival de música que
falava de temáticas ambientais.
Quando soube pelas redes sociais que os malucos de Jovens da
Verdade (especialmente o Marcos Botelho) estavam encabeçando isso, fiquei
extasiado. Logo convenci minha esposa a irmos, de barraca e tudo e corremos pra
fazer a inscrição. Quando vi as bandas, a preocupação com o tema sobre o reino
de Deus com a criação, então percebi que era realmente o lugar que queria
estar.
Barracas, mochilão, colchonete barato enrolado, embarcamos
pra São Paulo e mesmo com atraso no vôo chegamos a tempo de arrumar tudo com
tranquilidade e curtir a primeira noite. Cerca de 70 barracas eram nossas
vizinhas de camping, tudo no belíssimo vale paulista bastante inclinado que é o
JV. A comida estava de primeira, e a vista de cima do refeitório compensava
todo o esforço de subir lá.
A primeira atração da noite foi Gustavo Esquivel. Não
conhecia o som, e vi que o camarada tem uma boa presença de palco, banda bem
entrosada, que esquentou a galera pro que estava por vir. Ariovaldo Ramos fez a
primeira de suas palavras já dando uma paulada santa sobre nossa
responsabilidade como filhos de Deus de cuidar de sua criação.
Depois veio o showzaço do Resgate, uma banda afiadíssima em
seu discurso, que é a cara do Rock no Vale. Letras que falam de um
relacionamento e um cotidiano muito mais relevante que uma vida vazia sem Deus.
Além de tocar todas as músicas cantadas do começo ao fim pela plateia, a veia
cômica da banda suaviza o ambiente. Os 4 “vovôs” mostraram que o rock não
envelhece! Depois veio o Oficina G3, que dispensa comentários, mas que com o
show atual do CD Histórias e Bicicletas promove um som bem mais pesado que os
fãs antigos estão acostumados e que quem não tem intimidade com rock pode até
assustar.
O desempenho de cada integrante é um show a parte, os agudos
belíssimos de Mauro Henrique casam cada vez melhor com o virtuosismo de
Juninho, a precisão de Duca, as maluquices de Jean, a eficiência de Celso e o
fora de série Aposan, que tem se revelado um baterista que extrapola todos os
limites do seu instrumento.
O dia seguinte começava tarde: Grupos de ideias se reuniam
9h, a única coisa que não animamos de participar. Depois veio o primeiro ciclo
de debates. O sol tava forte, mas não espantou um grande público sentar no
chão, nas pedras, matos e montanhas pra ouvir Ed René Kivtz. O Reino de Deus
chegou, e daí?
Era o tema que o pastor batista tratou. Entre a defesa da igreja
local para o cristão e até polêmicas sobre a acusação de ser universalista
foram tratadas, por cerca de duas horas, que não terminou quando deixou o
microfone e continuou atendendo quem estava perto e lhe fazia perguntas.
Após o intervalo de almoço, a segunda rodada dos seminários
traziam temas variados, e nós escolhemos algo mais específico, que foi ministrada
por Raquel Arruda, da ONG A Rocha, parceira do evento, sobre ideias para
igrejas sustentáveis. Não foi difícil constatar como o tema é pouco abordado
nas igrejas representadas ali, e que fica muito em cima de Gênesis, que é a
base Bíblica, mas que pede ações práticas que muitas vezes negligenciamos.
Mais tarde começaram os sons do palco alternativo. Algumas
bandas novas que foram gratas surpresas. Teve Cambrina que ouvimos pouco,
depois um sucesso do festival que foi a Simonami. Três meninas e quatro caras
que encantaram todos com sua singeleza de melodias, músicas em uníssono que
levam o povo a cantar. Depois o sucesso já comprovado do Combrie que voltariam
no outro dia.
No palco principal a coisa demorou depois do jantar, os
gringos do Gungor não terminaram a passagem de som enquanto não ficaram
satisfeitos com o som. Mas sem incidentes a galera esperou e não se arrependeu. Os americanos fizeram um belíssimo show, músicos muito competentes e boa
interação com o público.
Depois mais palavra de Ariovaldo, um cara que sempre
tem muito a dizer. A noite estava só começando, logo entraram os gaúchos da
Tanlan. Um rock gaúcho pra não deixar ninguém parado e mostrar outro belíssimo
som que talvez muita gente não conhecia.
A noite ainda reservava a simplicidade e postura impecável
de Juliano Son e Livres. O som pesado não mudava a postura de adorador do
líder, que fez a galera cantar bonito e esbanjou carisma. Pra fechar muito bem
a noite, a quase unânime Palavrantiga subiu ao palco, também entoando suas
canções pra todos cantarem todas as músicas. Marcos Almeida não resistiu e foi
cantar no gargalo com a galera. Ainda teve a “cereja no bolo”, que foi a
participação de Lorena Chaves em uma música. O horário passava do meio da
madrugada, mas ninguém ali parecia ter muitas dificuldades com o cansaço para
curtir muito aquele momento único.
O último dia começou também tarde pela maratona da noite
anterior, mas com boas surpresas pra curtir. Simonami voltou ao palco e testou
melhor a conquista do público, que cantava e pedia músicas como pra uma banda
veterana. Depois veio a estréia do trio Mahamundi, com um som bem interessante,
execução precisa e um ótimo presente dominical. Jasiel Botelho, presidente do
Jovens da Verdade deu um breve histórico da missão, que chegava em um momento
especial com a realização do Rock no Vale.
O encerramento ficou por conta da banda Crombie, que já tá
na boca da galera há muito tempo. Canções de fácil entoação deixaram a
despedida do festival mais saborosa. O clima agradabilíssimo do lugar, sem
drogas, sem álcool, preservando o meio ambiente. Vale lembrar a parceria
importantíssima da ONG Expresso Ação (nosso agradecimento especial para Juliana
e Deyse, pela carona ao aeroporto mais que providencial que nos deram).
Parabéns a toda equipe do JV, por proporcionar um momento tão especial para
todos os presentes, que tem a certeza que a forma de pensar reino, música e
sustentabilidade em nosso meio está fortalecendo uma vertente fidedigna com a
palavra de Deus. Vida longa ao Rock no Vale!
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