Não foram os Jogos Olímpicos que os brasileiros esperavam
muito menos os atletas, patrocinadores e boa parte da crítica especializada. Um
saldo de medalhas muito aquém da grandeza de nosso país, da nossa economia e
recursos humanos. Algumas lições marcaram essa competição:
1) Nunca superestime alguns atletas, e nem subestime outros. Todos chegaram lá por méritos e supostamente tem chances de conquistar lugares altos. As duas medalhas de ouro individuais vieram de atletas “desconhecidos”, que eram sombra de nomes fortes que estão acostumados a bajulações. É obrigação da imprensa que cobre os jogos saber do histórico de todos os atletas, e não ter o carão de confessar que não conhece esse ilustre novo campeão que surpreendeu a todos com o ouro.
1) Nunca superestime alguns atletas, e nem subestime outros. Todos chegaram lá por méritos e supostamente tem chances de conquistar lugares altos. As duas medalhas de ouro individuais vieram de atletas “desconhecidos”, que eram sombra de nomes fortes que estão acostumados a bajulações. É obrigação da imprensa que cobre os jogos saber do histórico de todos os atletas, e não ter o carão de confessar que não conhece esse ilustre novo campeão que surpreendeu a todos com o ouro.
2) A briga de Globo x Record empobreceu o
espetáculo no Brasil, pela primeira vez não sendo a emissora oficial, o
plim-plim tratou com desdém a competição, chegando ao ponto de no início não
pegar imagens da concorrente, preferindo pagar mais caro pelas de fora. Por sua
vez a Record apanhou no ineditismo da transmissão, com âncoras mal preparados
como até a experiente Ana Paula Padrão, e destinando pouquíssimas análises
pós-jogos, deixando a noite carente de informações, mesmo com o horário
britânico não batendo, era importante destinar mais o horário nobre e fim de
noite para a atualização do dia dos jogos.
3) A
Seleção Brasileira de futebol masculino NÃO É IMBATÍVEL. A ausência da
Argentina não ia mudar isso. Mano Menezes está capengando a um bom tempo, após
essa primeira prioridade fracassada, deve sobreviver até a Copa das
Confederações, última tentativa de consertar algo pro Mundial no Brasil. A figura
de Neymar nunca brilhará nos momentos decisivos se o moleque não tomar um chá
de realidade e os flashs sobre ele não diminuírem. Na feminina, infelizmente
não vivemos só de Martas, o esporte não crescerá; a vitrine midiática, e a
própria cultura do país é totalmente tomada pelos homens.
4) Que
nosso vôlei é um dos melhores do mundo é notório. Foram os que mais brilharam
mesmo o ouro só vindo com as meninas da quadra. As duplas da areia brigaram de
igual pra igual, e merecem terem suporte maior. A renovação das seleções está
sendo sofrida, e só teremos outras gerações vitoriosas se as autoridades
acordarem e der o apoio que o esporte tanto precisa, investindo na formação de
atletas. Se dependermos de lugares como Goiânia, que tem um buracão de terra no
lugar do que seria um Centro de Excelência, a tendência é só cair.
5) Nosso
atletismo sofre com a pouca exposição e investimento. Os fracassos dos maiores
nomes mostram a carência de revelações, de quem chegue com a mesma qualidade
para disputar medalhas. Alguns tipos que poucos conhecem podem trazer bons
frutos, bastam incentivos, políticas públicas pra dar acesso a uma preparação
para crianças de baixa renda. É tão pouco perto da mudança de vida que famílias
podem passar com isso.
6) Os
esportes aquáticos tem um leque maravilhoso de modalidades, sujeitos a grandes
conquistas. Mas a realidade é dura, atletas que querem melhor preparo vão
treinar fora, muitas vezes com recursos próprios, e perdem a própria identidade
com o país, falando besteira de vez em quando. Quem muito ganha no Pan, não
reflete o mesmo sucesso nas Olimpíadas, ali o nível é completamente diferente.
E não é com a fraca estrutura que o país fornece que isso irá mudar.
7) As
lutas são outras meninas dos olhos, mesmo sem tantas conquistas, sempre se
espera uma surpresa dos lutadores, tem gente que ligou a ascensão do MMA pra se
ter maiores vitórias agora. Não tem nada a ver, a prática de cada um demanda
tempo, muita dedicação, e uma exposição maior, o que vemos nos duelos do UFC é
uma jogada midiática de quem conseguiu vender bem esse peixe. Já o das
competições segmentadas, o adversário da falta de apoio é o maior de todos.
8) O
basquete olha com saudade para tempos distantes, em que outras gerações
brilhavam e a um bom tempo não se repetem. As brigas internas de dirigentes, e
os novos quadros de organização ainda estão longe de produzir um bom resultado.
Achar que os poucos que jogam na NBA salvam o time, tendo um abismo na
preparação de lá com a realidade daqui, é acreditar em conto de fadas.
9) Esportes
pouquíssimos conhecidos podem ser celeiros de grandes conquistas, basta pra
isso sair do amadorismo. Não é pouca coisa, mas perfeitamente possível. Ficar
dependendo de classes A e B, consequentemente de “paitrocinadores” não formará
mais campeões.
10) O
Brasil será sede dos dois próximos eventos esportivos de maiores expressões.
Megas estruturas estão sendo construídas. O uso posterior delas é
imprescindível para a formação de novos atletas, fomentação das competições
regionais e nacionais. Cada país sede dos últimos torneios conseguiu façanhas
em seu planejamento e execução, aqui em muito já passamos a conta de gastos,
licitações e financiamentos. Arenas multi-uso poderiam agregar muito para a
economia além do esporte. Os resultados disso, bons ou não, marcarão o futuro
do país.
A verdade é que pra 2016 o cenário está perturbador. Não
bastassem os problemas da organização, superfaturamentos e riscos estruturais
do Rio de Janeiro, que acumula a responsabilidade imensa do Mundial de Futebol
daqui dois anos, nossos competidores estarão lutando contra adversários maiores
que seus concorrentes. O principal é a inércia de quem mais pode incentivá-los
a seguir com segurança essa carreira.
Não só o governo, mas a imprensa, os dirigentes e a iniciativa privada, assim como a sociedade em geral pode dar o prestígio que esses guerreiros precisam, e que levam o nome do Brasil pra fora, nos dando poucos momentos de alegria. Lembrar-se de nossos atletas dos esportes especializados apenas de 4 em 4 anos não mudará o quadro que vemos hoje.
Paullo, completo e original o conteúdo! Só um detalhe, quando mencionei a culpa da imprensa por esse fracasso olímpico, fui bloqueado no twitter por um "jornalista". Qual será o conceito de Liberdade de Expressão que ele deve ter?
ResponderExcluirO mesmo conceito de quem o paga, e tem interesses muito maior do que a liberdade de quem quer que seja.
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