Blog do Paullo Di Castro


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Triste fim, sombrio recomeço.

Um dia triste, sem precedentes para todo o estado de Goiás, não bastassem os últimos crimes na capital, como o estarrecedor assassinato do radialista Valério Luiz, a segurança pública em caos, greves, e instabilidade em várias áreas, ainda vivenciamos o nosso primeiro senador perder o mandato, o segundo na história do Brasil. Ele, que era o próprio senhor-Justiça.


O que tirou Demóstenes Torres do Congresso não foram os 56 votos pró-cassação, mesmo em votação fechada, seus colegas agiram com a cabeça lá fora, por fora das paredes daquela casa estavam todos os brasileiros perplexos, indignados e pedindo a cabeça do agora ex-senador. O episódio foi instrumento de um jogo político do governo contra a oposição? Sem dúvida sim, mas maior que as canetadas do Executivo é a massificação da rejeição pública.


Como homem com formação brilhante em Ciências Jurídicas e extensa carreira em ascensão, Demóstenes usou dos últimos minutos que contava na tribuna pra discorrer sua inocência baseado em princípios norteadores que não são uma prática plausível para a sua situação. Comparar seu caso com Jesus, Pilatos e Judas foi um desfecho lamentável pra quem um dia já usou seu mandato para o cumprimento da Justiça. Nem com o advogado mais bem sucedido, que livrou a cara de tantos, a sua pele seria salva.


A vida política de Demóstenes foi para o ralo, mas as implicações desse caso são extensas e preocupantes. Ele vai lutar por sua inocência até o Supremo Tribunal Federal. Colocar-se como bode expiatório do caso Cachoeira era natural, mas lutar por seu mandato com o sério risco de perdê-lo, junto aos direitos políticos por 15 anos, foi uma ousadia e tanto. Muito diferente de outros como Renan Calheiros que já renunciaram pra escapar da cassação, e no mandato seguinte se elegeu como se nada tivesse acontecido.


Aquele antigo procurador do estado, conhecido pelo empenho de estourar o cativeiro de Wellington Camargo, que era o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, relator da CPI dos Bingos, e agora, que ironia, aparece em escutas da Polícia Federal acertando com Carlinhos Cachoeira favores pra unir debaixo dos panos a máquina pública e privada. É uma mudança e tanto de comportamento, perspectivas, prioridades e duelo verdade x mentira.


A vaga deixada é outra polêmica, o suplente imediato Wilder Morais tem muita coisa pra explicar. É no mínimo curioso traçar o perfil dele como um dos homens mais ricos do estado, com patrimônio e declarações de imposto colocadas em dúvida. Não o bastante, é ex-marido da companheira de Cachoeira, Andressa, e secretário de Infraestrutura do governo Marconi. O currículo e consequentemente ligações com outros investigados não ajuda, assumir sem ser eleito precisa urgentemente ser repensado, do contrário teremos financiadores como ele e Cyro Miranda, herdeiro de Marconi, assumindo as vagas a quem o povo não os destinou.

Um comentário:

  1. Caramba...
    Sentir orgulho num momento desses é no mínimo estranho... mas foi o que senti lendo seu texto.
    Muito bom estar por ai, trabalhando na seara, ombro-a-ombro com você, Paullo Di Castro!

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