Blog do Paullo Di Castro


sexta-feira, 20 de maio de 2011

O milagre da multiplicação

Antônio Palocci tem uma formação: médico. Desempenhou um dos papéis mais importantes no governo Lula: Ministro da Fazenda. Tendo o nome envolvido no mensalão, e principalmente após o episódio da quebra do sigilo bancário de seu ex-caseiro Francenildo Costa, o petista de barba e lingua presa, tal qual seu chefe, porém muito mais "culto", saiu do governo e preparou seu retorno intensamente nos bastidores. Sendo um dos coordenadores da campanha da presidenta, foi eleito Deputado Federal, assumindo novamente importante papel no governo Dilma, nada menos que ministro-chefe da Casa Civil.

Ainda buscando louros de sua destacada posição, fez o que vários políticos influentes fazem quando estão sem mandatos: Montou uma consultoria (a princípio seria mais modesta que a do eterno chefe, que ganha mínimo de R$ 200.000 para dar palestras). Mas conforme matéria da Folha, sua empresa faturou cerca de R$ 20 milhões em 2010, em pleno ano de eleições, totalizando um aumento de 20 vezes em seu patrimônio em 4 anos. Não foi por acaso que adquiriu um apartamento de luxo por R$ 6,6 milhões e um escritório por R$ 882 mil na capital paulista.

Já está montado esquema de blindagem ao petista na Câmara, o que deve acontecer sem problemas, visto a pacata oposição do governo na casa. Palocci é de longe um dos políticos que mais escapou do julgamento rígido de seus atos: Constam dentre outros, ainda quando prefeito de Ribeirão Preto,  que se favorecia de licitações de serviços como cesta básica, de empreiteiras, depois ligações fraudulentas na CPI dos Bingos, a farra com lobistas e prostituição na mansão alugada em Ribeirão enquanto ministro. Um verdadeiro mar de lama que nunca parece sujar o suficiente.

Leon Trótski, ulcraniano ultra-socialista, de quem ele já foi fiel seguidor, deve se revirar no túmulo a cada aparição do nome de Palocci na mídia. É incrível como histórias de lutas, movimento estudantil, resistência ao regime da Ditadura e acima de tudo, o idealismo de alguns fundadores do Partido Trabalhista são jogados no ralo após a ascensão dos mesmos no poder. Resta ver até onde vai seu poder de escape, já testado diversas vezes, e que nunca o tiram dos altos cargos. O Brasil também tem o seu Silvio Berlusconi!

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