Blog do Paullo Di Castro


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Luto



Existem situações difíceis, ou mesmo impossíveis de se explicar. Um avião levando uma tripulação de pessoas que acumulavam tantas conquistas profissionais, tanto os atletas, como jornalistas, funcionários, pilotos e comissários, mas com certeza todos almejavam muito mais. 

O Brasil todo é Chapecó. A cidade do oeste catarinense agora ganhou quase 200 milhões de cidadãos, sem contar estrangeiros em todo mundo. Doeu muito ver 21 colegas jornalistas e profissionais de imprensa tendo a vida encerrada. Os atletas idem, assim como os funcionários da companhia aérea. 76 pessoas que não estão mais entre nós.
Era uma final de competição de times da América Latina, em que um clube que ascendeu em um tempo rapidíssimo, mostrando a seriedade do trabalho de seus dirigentes, apoio da torcida e comprometimento dos atletas, e agora tinha o ponto máximo de todo esse trabalho sendo concretizado, chegando mais longe do que muitos poderiam imaginar. 


A efemeridade dos nossos dias não deixam de ocupar as reflexões em um momento como esse.

O Brasil nesses momentos esquece seus problemas sociais, econômicos sua conjuntura política, culturais, estruturais e de tantas ordens, para chorar junto com os familiares que sofrem tanto essa ausência repentina.

A solidariedade entra em campo nesse momento. É louvável a atitude do Atlético da Colômbia ter solicitado à entidade organizadora do campeonato para que declarem a Chapecoense. Também muito digno os clubes grandes que se propuseram a ceder 3 jogadores cada, pagando o salário, para o time voltar ano que vem. Torcedores se mobilizando para serem sócios da Chapecoense, somente para ajudar o time a se reerguer. O brasileiro em casos extremos se mobiliza e faz muita diferença!


Fica a dor, a comoção, as homenagens. A humanidade!. O livro de Salmos nos lança uma luz sobre esse fenômeno: "Os homens de origem humilde não passam de um sopro, os de origem importante não passam de mentira; pesados na balança, juntos não chegam ao peso de um sopro."
Salmos 62:9"

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Ah, o saber!



É tão bom desbravar conhecimentos, aprofundar nas ciências que notórios estudaram por afinco para nos deixar um legado intelectual, muitas vezes de fácil acesso hoje. É ótimo tirar tempo para produzir uma ciência em forma de letras, dando corpo a um escopo que pode ser imaginário, mas se concretiza em uma obra produzida no aprendizado.

Mas existe uma frustração quando se está absorvido na academia: O mundo passando lá fora. O nosso tempo não é o mesmo para fazer o que gostaríamos. É claro que, com as ferramentas que estamos adquirindo, retornamos mais preparados para fazer acontecer. Hoje em dia o dinamismo das coisas dificilmente nos deixa privados de conciliar, mas dependendo da disciplina imposta, podemos abdicar de quase tudo. 

Aí entra um elemento complicado: Estamos dispensando oportunidades para ganhar outras. Cada vez mais me convenço que tempo fundamental é o de dedicação máxima aos estudos. Se quando mais jovem parasse para pensar em poucos anos que poderia investir e colher logo depois, minha vida acadêmica teria sido muito diferente, mas nunca é tarde para "arrepender-se", ou ir atrás de chances que foram mais difíceis anteriormente.

Complicado ter a paciência de perseverar e lembrar que a colheita vem adiante, não que seja sempre boa, mas dará algum resultado. Quanto mais coisas deixamos engavetadas, mais podemos fazer depois de estar melhor preparados. Basta não desistir. Atender uma demanda de competitividade, agressividade e imediatismo do que nos cerca não é nada fácil, mas é preciso encarar. 

Sou grato por quem investiu em mim, me fez ver que dar um passo de cada vez é preciso, sem andar mais que a perna permite, mas nunca ficando parado. Melhor é estar levemente apressado do que predominantemente ocioso. Poderia encontrar melhor equilíbrio, mas enquanto estou agindo, melhoro a perspectiva de ser relevante por onde ando. 

O saber é sagrado, a ignorância, em amplo sentido, uma desgraça! Posso me equivocar, mas sabendo que tenho algo em que me escorar, e não viver de ideias jogadas ao vento. Não apenas ser relevante para mim mesmo para depois ser para outro, mas buscar a sensatez e aplicar o conhecimento a medida que caminhamos. Influenciar pessoas é maravilhoso! A responsabilidade é grande, para isso é preciso se preparar, mesmo que dure um tempo que custe a passar, mas trará resultados que não tem preço a se pagar. 


É preciso sabedoria para não ir com muita sede ao pote. Antes de querermos mudar o mundo, mudemos a nós mesmos! Reinventando e nos transformando em alguém que tenha mais com o que contribuir. Em poucos anos faremos muito mais que em vários errando mais que acertando. Sempre compartilhando, o que retemos para nós pode nos ser útil, mas será mais valioso se for repassado e ser relevante na vida de outros.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Muita temperança nessa hora





A eleição do bilionário Donald Trump nos Estados Unidos causou alvoroço em todo o mundo. O perfil de anti-político, inclusive de politicamente incorreto, e principalmente as declarações polêmicas do mega empresário causaram grande desconforto a vários setores da sociedade. A grande questão levantada entre tantos pitacos e análises mais profundas é: O que nos espera nos anos que virão, tendo esse homem no poder da nação mais influente no mundo?

Em meio a uma chuva de críticas aos eleitores de Trump, uma coisa para se ressaltar dos Estados Unidos é o sistema partidário bilateral, sempre tendo nas cabeças dos processos eleitorais dois postulantes. Dando uma distinção superficial, temos um de frente mais conservador e ostensivo (Partido Republicano), e outro mais liberal e articulado (Partido Democratas).

O sistema de colegiado representativo é controverso? Sim! Mas o ponto que realmente é digno de reflexão é a alternância de poder dos últimos anos. Nenhum ficou mais de 8 anos consecutivos em mandatos. Isso é saudável para a democracia. O Brasil, ainda precoce no processo democrático sabe o porquê, da pior forma.

Hillary Clinton e Donald Trump protagonizaram a eleição mais acirrada, ácida, turbulenta talvez de todos os tempos. A mídia em grande maioria, institutos de pesquisas e classe artística, deu como vitoriosa a eleição da democrata. Muitos subestimaram a força de Tramp, pelo fato de sua imagem ser um produto midiático ascendente com chance de alta rejeição, sem nenhuma candidatura anterior no currículo.

As declarações claramente xenófobas contra os imigrantes, em tempo de acolhimento de refugiados que não tem opção para sobreviver, a não ser abandonar suas pátrias em guerras, é realmente preocupante. Mas até que ponto ele sustentará e colocará na prática esse discurso? Mesmo tendo maioria no Congresso, lutar contra uma parcela significante até o fim é um caminho improvável na democracia.

A questão climática é outro espinho. Ignorar o aquecimento global é preocupante. O extremo oposto de um militante oportunista como Al Gore, não consegue agregar o apoio de nenhum país se passar por cima dessa questão. Mas ele teria esse poder? O ex-presidente George W. Bush mostrou que sim, ao não assinar o Protocolo de Kyoto, compromisso entre países pela redução de gases poluentes.

Construir um muro na fronteira com o México e falar que os vizinhos é que vão pagar é outra falácia inconcebível. Ambas tem em comum um posicionamento firme, truculento, mas de clara inclinação repugnante para o separatismo. Isso contemplou uma maioria que prefere essa postura do que a continuidade do governo de Barack Obama, e do marido da candidata derrotada, Bill Clinton.

O próprio Trump baixou o tom que tomou conta da campanha em suas primeiras declarações após a confirmação da vitória, se comportando como legítimo republicano pela primeira vez. O momento nosso é de temperança. Não adianta gastarmos energia e pensarmos nas piores consequências. Trump pode ser a ponta do iceberg, e hoje é o problema que enxergamos. Se não olharmos nossas bases econômicas, sociais e culturais criticamente e com desejo concreto de promover mudanças, não teremos boas conquistas, independente de quem está ocupando o cargo mais cobiçado do planeta.

Prever os dias que virão nós não conseguimos, mas isso não significa destoar da construção de uma retomada em crescimento do nosso país. As relações Brasil e Estados Unidos historicamente são boas, mas não nos coloca em posição privilegiada com a mudança estadunidense agora.  O sonho americano vai virar pesadelo para muitos que ainda querem trocar a pátria? Só o tempo dirá, mas acabar essa ilusão pode ser benéfico para a gente se concentrar mais em nossos problemas e deixar de sonhar os sonhos de outros.