Blog do Paullo Di Castro


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Dois pesos e duas medidas

O filme nós já vimos mais que "Lagoa Azul" na Sessão da Tarde: As eleições terminam e os governantes, especialmente reeleitos, preparam surpresinhas não muito agradáveis para os eleitores. O aumento de salário de prefeitos e vereadores são os mais corriqueiros, e também algumas medidas drásticas que apontam um claro compromisso financeiro além do orçamento anual.

Em Aparecida de Goiânia o natal teve presente de grego antecipado para os moradores da cidade. Na velha prática de legislação em causa própria, foi aprovado na Câmara e sancionado pelo prefeito Maguito Vilela (PMDB), um aumento de 65% dos salários do prefeito, além do vice-prefeito, vereadores e secretários.

Maguito vai passar a ganhar R$ 19.800, antes o salário era de R$ 12.000. O vice-prefeito deixará de ter R$8.000 e terá R$ 13.280 mensais em sua conta. Os secretários da prefeitura sairão de R$ 6.200 para R$ 10.540. Os vereadores catapultaram o próprio salário de R$ 7.400 para R$ 12.060.

Enquanto o bolso dos comandantes engordam, a cidade segue com seus profundos problemas de infra-estrutura, segurança, saúde e educação. Isso não é privilégio de Aparecida, claro, inúmeras outras cidades vivenciam a infeliz prática.

Como não bastasse a vizinha sofrer com a caneta das autoridades, Goiânia também passa seus pormenores com a administração pública. Um mico considerável foi a notícia do jornal  O Popular dessa terça, 27, do cancelamento da ornamentação de luzes natalinas pela prefeitura esse ano. 

O motivo seria a contenção de despesas para pagar as contas. Que contas seriam essas? O que poderia ter fugido do orçamento do ano?  E isso logo após uma milionária campanha que reconduziu Paulo Garcia para o comando da prefeitura. 

O prefeito pode até voltar atrás, mas o estrago já tava feito. O período era inoportuno para uma decisão dessa. As luzes são um marco para a cidade. Mesmo com opiniões contrárias, mexer no que é tradicional é muito delicado, principalmente em tempos de tanto descrédito do eleitor com a imagem dos agentes públicos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

De volta pra casa


Dois anos de intervalo, um hiato doloroso para uma torcida que sofria por desastrosas administrações, jogadores que só comiam e dormiam, imprensa desconfiadíssima... Todo um cenário que só poderia ser revertido com uma nova concepção de administração, um planejamento bem executado e uma gestão harmônica. Aconteceu!

Em 10/11/12, o Serra Dourada recebeu um público histórico. Eram mais de 40.000 vozes gritando para um só time. Todo em verde e branco, a festa da torcida esmeraldina era de dar gosto. Tudo para ver o Goiás, após dois anos voltar à elite do futebol brasileiro. Um time com a torcida, estrutura e história que tem, não podia demorar mais pra competir com os grandes.

A formação do elenco foi cautelosa, a velha tática de pegar bons nomes que não estão tendo oportunidades nos grandes foi mesclada com novos valores de potencial. Tudo isso por um comandante novato, mas vivido no ambiente, discípulo de bons mestres. Era uma aposta, mas contra muitas desconfianças, minha inclusive, se revelou uma boa surpresa em época de técnicos arrogantes e ultrapassados.

A diretoria finalmente falou a mesma língua, com um presidente afiado com o manda-chuva Hailé Pinheiro e conhecedor profundo dos bastidores do futebol. Com essa afinidade, que não aconteceu nos mandatos anteriores, os bichos estimulantes pagos, o trabalho de injeção de ânimo na torcida, a chance de subir era muito maior.

Uma salvação para o ano do futebol goiano, que assiste tragicamente o Vila Nova patinar e se afundar mais na Série C, e o Atlético após uma brilhante temporada ano passado amargar a lanterna na maior parte da competição. Terão muito o que repensar, principalmente articular para ter uma direção coesa, comprometida com o profissionalismo e inovação na gestão, como aconteceu com o Goiás.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Violência



Vivemos dias estarrecedores, em diferentes cidades, estados e países, o que se assemelha aos seus habitantes é uma só sensação: Insegurança. O direito de ir e vir, e de estar em paz em sua residência, trabalho e no seu lazer é substituído pela tensão de se sentir desprotegido, vulnerável e incapaz de ter momentos de absoluta tranquilidade. 

A sensação de ser a próxima vítima de um arrastão, assalto, roubo e diversas formas é uma privação angustiante. Não poder contar com a sua polícia pra te proteger, nem pra fazer um boletim de ocorrência porque a mesma está em greve, que não é a primeira do ano, é a pior sensação que um cidadão em seus direitos cíveis pode passar.

Sair de casa sempre é um risco, os mais improváveis incidentes podem acontecer. Mas você sair e temer automaticamente ser violentado por bandidos que estão agindo e não são coibido pelas autoridades competentes deixa de ser um risco e vira uma real possibilidade, da pior maneira possível. 

Você pensa em você e em quem você ama, como proteger ao outro sem conseguir proteger você mesmo? Tudo isso porque ninguém, ninguém possui proteção devida. Os milhões gastos em publicidade e grandes obras (muitas vezes não concluídas) do governo passam longe de virarem investimento em aparelhamento e valorização dos profissionais da segurança pública.

O que fazer? Esquecer o que a Constituição Brasileira garante e se trancafiar em casa, sair com nenhuma moeda no bolso, nenhuma roupa de marca, e de preferência sem o celular?  Gastar o que não se tem pra deixar a residência uma fortaleza, a empresa um quartel e renegar toda saída de lazer em vias públicas? É muito difícil viver assim! Prisioneiros de nós mesmos.

Enquanto a Polícia não ajuda, o governo cruza os braços, as manchetes de violência não param, podem ser as únicas opções. Teremos que ter toque de recolher? Os estabelecimentos de diversão noturna terão hora pra fechar, prejuízos incalculáveis? E quando a coisa é feira à luz do dia? Quem marca hora pra violência nos encontrar? São muitas perguntas, e as respostas um mistério.