A Operação Monte Carlo se desdobra em proporções a perder de
vista, todo dia são fatos novos, provas novas, nomes novos envolvidos com o que
aparentemente seria só a exploração ilegal do jogo do bicho em Goiás, agora
virou o maior esquema de corrupção da política nacional. Sem esquecer o
mensalão, cujas investigações reaparecem, com muita propulsão de guerra
partidária, mas são ofuscadas por tantos envolvimentos de agentes públicos em
torno de um empresário, de uma construtora e uma CPMI surgindo com a árdua
missão de julgar os envolvidos, mas aí vem mais problemas: Quem vai julgar?
Alguns pontos da legislação brasileira não favorecem o trato
isento de quem investiga e decide o destino dos agentes políticos apanhados em
manobras ilícitas. As cotas de nomeações do judiciário são a maior prova disso;
os chefes do executivo escolherem boa parcela da instância que julgam eles
próprios, não é o que se pode chamar de colegiado isento.
No legislativo as escolhas de relatores e presidentes das
Comissões Parlamentares Mistas de Inquéritos fazem parte, como em toda a
maneira de fazer política, de conchavos e acordos partidários. Buscando um
ilusório equilíbrio da mesa que irá julgar os colegas, e chamar para depor
aqueles que normalmente estão envolvidos com vários da casa. Credibilidade é uma
palavra que não passa muito aí.
Historicamente o povo sempre tem ao que recorrer por meio do
Ministério Público, o único órgão de representatividade que não passa pelos
mesmos crivos de nomeações das outras instâncias do Poder Judiciário, diferente
dos Tribunais de Contas, que não dificilmente deixam passar aprovações de contas dos governantes que os colocaram lá. Mas o que acontece quando até membros do outrora
ilibado MP entra na roda das investigações?
No executivo vemos os governadores de Goiás e do DF, talvez
até o do Rio de Janeiro, preocupados com o que mais respingará em seus nomes
nas escutas telefônicas da Polícia Federal. Qualquer envolvimento com a mega
operação é perigoso, mas o excesso de publicidade do caso não ajuda em sua
solução, a mídia em parte se cala por ter a quem responder nos envolvidos, em parte
denuncia com teor de maior agravante que as provas aparecem, deixando o povo
perplexo e sem esperança alguma na famigerada classe política.
Desanima pensar em onde, tanto a CPMI quanto as investigações
da Polícia Federal, vão chegar. Parece não haver um horizonte que permita um
desfecho que mostre pra sociedade o tanto de bandido e os poucos mocinhos. A sujeira
da lama condena todo mundo, mas a influência do poder maquia a cara da maioria.