Blog do Paullo Di Castro


sábado, 31 de outubro de 2009

Dia de quem?


Halloween, Dia das Bruxas, abóboras, fantasias macabras, doces e travessuras. Tudo isso elementos de uma cultura estado-unidense que a tradição leva pelos anos e o capitalismo tira a sua fatia para não perder o costume. No Brasil, mesmo não tendo a força da tradição do Tio Sam, também acaba absolvendo um pouco da festa dedicada a esses ocultismos.
O engraçado é que, enquanto lá se valoriza essa festa, a ponto de exportá-la pelo mundo, aqui no Brasil, o dia na verdade é do saci-pererê, o menino de uma perna só, gorro vermelho e cachimbo, que é elemento de destaque no nosso folclore brasileiro, ainda sim fica totalmente ofuscado pela comemoração de Halloween. O saci sim faz parte do Brasil, ao lado do boi-tatá, do lobisomem, da mula-sem-cabeça, da cuca assustadora de criancinhas (não tem coisa mais sem noção que as musiquinhas de ninar que trazem na letra uma ameaça terrorista para nossas crianças).
O folclore nacional é um elemento importante na formação do nosso povo, na tradição de regionalismos e de proteção à natureza. Valorizar esses personagens é uma grande riqueza da nossa cultura. Monteiro Lobato foi um entusiasta disso, trabalhando com todos os personagens em suas estórias da obra antológica do Sítio do pica-pau amarelo.
Em uma visão cristã, esses elementos folclóricos não são importantes no no que tange as magias e transformações anormais. Mas os elementos típicos de brasilidade, da nossa história são importantes, e com certeza mais relevantes que a festa de bruxaria.
Existe projeto de lei para o Dia do Saci, de nº 2479/2003, não sei se seria necessário isso (o Brasil já tem data comemorativa que chegue). Mas valorizar mais o nosso folclore em detrimento a uma festa estrangeira, é uma obrigação nossa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O que fazer?

Quando se sofre qualquer tipo de violência urbana é um imprevisto que te deixa tenso, infeliz, em prejuízo e principalmente: impotente!
As motos são grandes instrumentos de furtos e roubos, é usual a prática de se assaltar em duas pessoas, com o motoqueiro com a moto ligada, e o garupa assaltando, os dois saindo o mais rápido possível, sem serem identificados, por usarem o capacete como disfarce, e tome desvantagem ao cidadão.
A iniciativa mais natural ao se perder bens como documentos pessoais é ir fazer um Boletim de Ocorrência, ok, mas e quando a Polícia Civil está de GREVE, ninguém em um distrito, nem em nenhuma delegacia especializada te atende, e agora José?
É incrível como o poder público pode nos prejudicar como cidadãos, mesmo trabalhando mais de 100 dias só para pagar impostos, não são capazes de deixar uma Polícia que atende a sociedade disponível, com salários e planos de carreira dignos, ir a um pátio de várias delegacias, e ver centenas de profissionais de braços cruzados, cartazes espalhados pra todos os cantos, e o seu direito de ser atendido? Já era.
As autoridades tem uma responsabilidade que passa por todas as áreas de nossa vida, ver tanta politicagem em favor de interesses próprios, e ficar de mãos atadas nas suas necessidades básicas é um estado que consome o ser humano, e nos faz sentirmos seres inferiores, como de fato somos.
Fica o alívio do velho provérbio: "Vão-se os anéis, ficam-se os dedos". Estar livre de qualquer atentado à vida é o maior consolo.

sábado, 24 de outubro de 2009

Goiânia: 76 anos




















"Minha Goiânia querida, cidade plantada no meio da luz."
Que descrição linda, Ivan Lins!
Goiânia erradia esse sentimento, essa força.
Desde a década de 30, no coração do Brasil;
Planalto Central, em um cerrado vivo e retorcido.
Meia Ponte, Botafogo, Cascavel, João Leite;
Formando os traços da cidade nos quatro cantos.

Muito legado de Minas, do interior goiano;
Um povo acolhedor, com cara de matuto.
Cidade industralizada, mil confecções;
Esporte descendo a Serra, de cor Dourada,
Centro pintato cuidadosamente em Arte Decó.
Atílio Corrêa, Venerando Borges, Pedro Ludovico;
e tantos outros, pioneiros e visionários.

Nas noites goianienses, trovas e violas;
Da música raiz ao rock, tudo é difundido.
Culinária rica, bares em cada esquina.
Um segredo revelado a cada dia que se passa;
Aumenta a esperança de um alegre amanhecer.
O calor das manhãs e tardes aquecem corações;
passa do sol para um abraço, um afeto demonstrado.

Aqui eu nasci, cresci, e quero viver pra sempre;
Construir minha história nesse palco iluminado.
Respirar todos os dias o verde de tantos parques;
De Ipês, Jequitibás, Flamboyants, Bougainvilles.
Saborear o pequi, a guariroba, o milho, a soja;
Siriguela, umbú, jenipapo, macaúba, cajuzinho.
Os sabores dessa terra são únicos, ilimitados.

Goiânia cresce vertiginosamente, não pára;
A metrópole surge devagar, conquista espaços.
O Brasil olha mais a vizinha da capital federal;
Vem o aniversário e as luzes de natal anunciam a festa;
A cidade brilha mais que nunca no final do ano.
Temos problemas, urbanização, especulação imobiliária;
Mas nada que apague a vontade de acontecer e ser:
A MELHOR CIDADE DO MUNDO!!!

Parabéns Goiânia! Seus 76 anos exaltam sua beleza!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

"MTV', VERGONHA NA CARA!"


A Music Television Brasil, que entrou em nosso país junto com os anos 90, exibindo um clipe de Marina Lima cantando Garota de Ipanema, chega aos 19 anos trabalhando a cultura pop e a ainda sendo a maior referência musical para gerações de jovens brasileiros se plantarem em frente à TV e escutar novidades de seus artistas preferidos.
A minha adolescência, toda antes da era de internet popularizada e redes sociais borbulhando, não tinha melhores opções do que as FMs e suas músicas dançantes exaustivas, além da rede de canal fechado mais assistida pelos jovens, momentos de descobrir um universo musical na sua sala deixa boas lembranças.
Houve tempos muitos bons, VJ´s que deixaram saudades (Sabrina Parlatore, Cuca, Gastão Moreira, Thunderbird, Fábio Massari, Zeca Camargo, Carla Lamarca e Sarah Oliveira, dentre outros), programas memoráveis, entrevistas reveladoras, aproximação com o showbizz que nenhuma emissora de TV aberta fazia.
Essa famosa frase do título, gritada por Caetano Veloso em plena apresentação ao lado do ex-Talking Heads David Byrne na premiação da emissora (sobre o VMB, falo mais aqui), foi um belo retrato do que a MTV virou e deveria ter acordado a muito tempo, e continua patinando com pouco progresso cultural e de entretenimento de qualidade.
Como saudosismo não leva a nada, deixo os pontos positivos atuais da emissora: Marcelo Adnet, grande e promissor talento, as diversas agregações ao mundo virtual, o aumento da participação direta e indireta dos telespectadores, humoristas de potencial (Hermes e Renato, Dani Calabresa), programas com discussões mais fundamentadas, com o Debate e experimentalismos na identidade visual.
Deixando a desejar, destaco a prioridade para muito programas e clips da matriz americana. Os programas sobre sexo, que desde sempre são de apelo que passam dos limites, principalmente com conselhos de pessoas promíscuas e de pouco embasamento científico e cultural. O desafio de informar uma legião de jovens deve ser levado com mais responsabilidade, sustentando um boca suja como o João Gordo, com mais de 10 anos de casa, não é o caminho.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ser professor é muito difícil


Sempre ouvi do meu pai, que em qualquer profissão, uma rápida ou nenhuma qualificação a mais pode torna-la um professor. Em nenhuma outra profissão o acesso é tão aberto quanto àquele que deveria ser o ofício mais valorizado de um país, mas nunca será.
Certa vez ouvi notícias de diversos professores da minha época escolar que estavam deixando seus cargos para ingressarem no serviço público, cansaram dos baixos salários, da jornada exaustiva, da indiferença e rebeldias de alunos, da incompreensão de pais, e autoritarismo de diretores. Um amigo, recém formado e ingressando em sala de aula, pediu as contas ao ter sua autoridade revogada por sua superior no caso de um aluno que extrapolou os limites, pagou o preço por ser digno.
O governo tenta dar incentivo na criação de cursos de licenciatura, a Comissão de Educação do Senado Federal acaba de aprovar um projeto de lei para que professores com mais de três anos de exercício possam ter vagas para cursarem pedagogia ou licenciaturas em universidades públicas, através de cotas de cerca de 20%. Para se cumprir uma defasagem na qualificação de tantos profissionais é muito bom, mas para aumentar o efetivo, principalmente em disciplinas exata, ainda é uma realidade distante.
Mas deixando as cruéis realidades e políticas de lado, a data de 15 de outubro sempre reforça a cada um de nós a importância dos maiores formadores de conhecimento de nossa sociedade, as pessoas responsáveis por muito do que somos hoje, que enfrentam uma rotina atribulada, de planejamento, exposição cansativa ao corpo e à voz, acompanhamento da evolução do saber de tantas pessoas, a construção da cidadania e do caráter dos futuros profissionais.
Todos os professores que tive se doaram e deixaram um pouco de si comigo, me moldaram e
transformaram minha mentalidade acerca de muitas coisas, mais que lições acadêmicas, muitos passaram verdadeiras lições de vida!
Nesse dia do professor, até porque tenho dois em casa, espero que a retribuição seja mais que os arquétipos de presentes de frutas e lembrancinhas vazias para cada data dessa. A valorização precisa vir de todos os setores da sociedade, as lutas sindicais, por melhores salários, auxílios e planos de carreira, que esbarram na morosidade da justiça, possam ganhar fôlego para ajudar essa categoria que foi a que mais ajudou a todos nós. Parabéns professores, nunca saberemos retribuir o muito que nos deixaste.

sábado, 10 de outubro de 2009

Adultos defasados

Ao pegar a edição de O Popular desse sábado, fiquei abismado com a manchete: METADE DOS GOIANOS ACIMA DE 25 ANOS NÃO TEM ENSINO FUNDAMENTAL. Isso é muito alarmante, como pensar em uma perspectiva de crescimento do estado de Goiás com uma estatística dessas?
Dentre outras coisas, o IBGE publicou nessa pesquisa que 53,5% por cento dos goianos não completam 1/4 de século de vida com a educação básica, cerca de 1,7 milhão de pessoas. Mesmo com a característica agro-pecuária, a própria industrialização exigiria no papel um índice de qualificação maior. A zona rural no Centro-Oeste do Brasil é de 12%, esse número passa longe de uma metade goiana da faixa que mais está no mercado de trabalho.
Com o aumento da expectativa de vida, uma boa parcela de terceira idade já não trabalha regularmente, esse público hipoteticamente tem muita gente do campo e que não teve acesso à educação na juventude. Mas os trabalhadores de hoje, com muito mais portas para o ensino abertas, não podem se dar ao luxo de parar os estudos para se dedicar exclusivamente ao trabalho. Apesar dessa ser a realidade de muita gente, a reportagem mostra exemplo de pessoas que pararam os estudos e sentem muita falta, planejando tão logo possível o regresso à sala de aula.
A boa notícia é que nacionalmente esse índice está caindo consideravelmente, era de 65,3% em 1998, e ficou em 50,2% ano passado. Um longo caminho precisa ser feito, uma mudança de mentalidade é caráter de urgência para se alcançar um quadro digno de uma população esclarecida e bem sucedida.
O senador do PDT do DF, Cristovam Buarque, educador de grande experiência, muitas vezes cansa com um discurso educacional enfadonho, principalmente por suas postagens no Twitter. Seu slogan na última corrida presidencial era: Só a educação salva essa nação. Mesmo sendo radical e um pouco apelativo, a importância da escolaridade é indiscutível, seja para que camada social for, iniciativa política como as dele e do deputado Thiago Peixoto, do PMDB de Goiás são plausíveis.
Mais estatísticas interessantes do IBGE, clique aqui.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

ENEM PRA CÁ, ENADE PRA LÁ

Eu me enquadro na condição de milhares de brasileiros hoje: Eu não fiz a prova do ENEM. Mas ao contrário da mancada nacional das provas terem sido violadas, meu caso foi outro, na minha época era opcional, pouquíssimas faculdades usavam essa prova para validarem no processo seletivo para o vestibular. Não tive o interesse de desembolsar x para ter outra sabatina de conhecimentos do ensino médio. As várias provas para se entrar em alguma faculdades.
Imagino como esse fato abalou os estudantes, claro que alguns até comemoraram o domingo livre, sem se importar o que estava por vir. Mas a maioria, principalmente os que tinham provas programadas na nova data do ENEM, saíram prejudicados, assim como algumas universidades que tiveram que adiar seus processos seletivo para comportar o Exame Nacional do Ensino Médio.
Enquanto isso a polícia conclui as investigações para se acharem os culpados. Cinco pessoas já estão indiciadas, inclusive
um vídeo do momento do furto das provas já foi divulgado.
Logo depois que entra no ensino superior, a maioria acha que estará livre dessas avaliações, ledo engano. Esse ano terei que fazer o
ENADE, que convoca estudantes de que estão entrando e saindo do ensino superior para representarem a instituição que estudam e assim avaliar o nível de ensino da mesma. É uma prática louvável, os cursos se revezam todos os anos, não fica pesado e é bom para os universitários estudarem um apanhado do conteúdo de quase todo o curso.
Nenhuma dessas provas é realmente agradável e devagar elas agregam mais vantagens aos alunos, porém, o MEC deveria aumentar a importância das provas, fazendo o valor realmente ser retornado para o estudante além do próprio preparo para ela. O vestibular poderia ser substituído por uma junção das provas com as médias do Ensino Médio. O ENAD poderia avaliar para uma bolsa de especialização ou mestrado. Os méritos bem recompensados fazem cidadãos melhores, e mais qualificados.



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Olimpo de janeiro


Dia 2 de outubro de 2009 foi um dia marcante para o esporte, e o Brasil em geral. Em Copenhague, na Suíça, foi divulgado o resultado final para a escolha da sede dos jogos Olímpicos de 2016. Após ficar na disputa com Madrid, às 13:30hs foi dado o veredito: A chamada Cidade Maravilhosa foi a eleita para abrigar o maior evento esportivo do mundo.
Copacabana estava com a festa armada. A alegria explodiu na hora do anúncio, lá na Suíça, Pelé chorava, toda a comitiva brasileira composta por Lula, Henrique Meirelles, Orlando Silva, Eduardo Paes, Sérgio Cabral, dentre outros entravam no clima de euforia para celebrar a conquista de ser o foco do mundo daqui a 7 anos.
Todo esse cenário, milhares de manifestações principalmente em redes sociais como o twitter, já se geravam discórdias sobre os possíveis gastos astronômicos com um evento dessa proporção. Os jogos Pan-Americanos, realizados no Rio ano passado foram um pequeno termômetro para o que está por vir. A segurança foi reforçada a um ponto durante os jogos que os índices de violência caíram drasticamente, e logo depois de encerrado voltaram aos altos pontos com força total. Uma redoma foi criada para a exposição não ser negativa, e isso não resultou em melhorias consideráveis para a cidade.
Em junho desse ano, a alegria girava em torno das cidades escolhidas como sub-sedes para a Copa de 2014. As que ficaram de fora, como Goiânia, sentiram o gosto amargo da derrota que a capital espanhola sentiu agora, nas Olimpíadas, como o foco é uma cidade, não se tem esse problema.
Mas aí que pode morar o perigo: centralizar em um único centro urbano uma competição desse porte pode trazer grandes malefícios para o pós-evento. As cidades que já abrigaram as Olimpíadas nos últimos anos, como Atlanta, Sidney, Atenas e Pequim, não conseguem aproveitar a infra-estrutura criada para prosseguir em ações lucrativas e de servir a sociedade, correm o risco de virarem elefantes brancos abandonados.
Mas o maior porém realmente é o controle dos gastos para se preparar a cidade. As exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI) são grandes, a vontade de impressionar o mundo é maior. A China deu uma demostração clara que tem potência para surpreender o mundo, e cada sede que assume os jogos se sente na obrigação de fazer melhor. As festas de abertura e encerramento são o ápice disso. Um mega-show de tecnologia, pirotecnia e cortejo são as chaves do sucesso. No Brasil, que todo início de ano tenta fazer algo parecido no carnaval, que se nomeiam como o maior espetáculo da terra. Teremos dois carnavais em 2016?
Não tenho a ilusão de que a transparência será o forte dos investimentos federais e privados nas Olimpíadas. O Brasil está acostumado com muito jogo político, de lobby, de licitações irregulares, mas tratando-se de Jogos Olímpicos, com toda a supervisão internacional, espero que as coisas sejam feitas com muita responsabilidade e o pensamento para o futuro da cidade.
Durante dois anos, nosso país será vitrine para o mundo, em alguns meses todos terão seus olhos voltado para cá, é um privilégio e enorme responsabilidade. Me orgulho de estar vivendo esse momento como cidadão brasileiro, de ver meu país ser palco de acontecimentos tão marcantes, mas ficarei mais orgulhoso em ver os atletas brasileiros tendo o apoio necessário para competir, e serem mais valorizados que projetos de estádios, de Vila Olímpica, e principalmente de shows para impressionar o mundo.